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Art. 2. – Se o nome de imagem é próprio do Filho.

(Infra, q. 93, a. 1. ad2; I Sent., dist. III, q. 3, ad. 5 dist. XXVIII, q. 2, a. 1. ad 3; a. 3; II, dist. XVI, a. 1; Contra errors Graec., cap. X; I Cor., cap. XL, lect, II; II, cap. IV, lect. II Coloss, cap. I, lect. IV; Hebr., cap. I, lect II).
 
O segundo discute-se assim. – Parece que o nome de Imagem não é próprio do Filho.
 
1. – Pois, como diz Damasceno, o Espírito Santo é a imagem do Filho1. Logo, este não é próprio do Filho.
 
2. Demais. – A imagem é por essência semelhança expressiva, como diz Agostinho2. Ora, isto convém ao Espírito Santo, que procede a modo de semelhança. Logo, o Espírito Santo é imagem; e, portanto, ser Imagem não é próprio do Filho.
 
3. Demais. – Também o homem se chama imagem de Deus, segundo a Escritura (1 Cor 11, 7): O varão não deve cobrir a sua cabeça, porque é a imagem e glória de Deus. Logo, ser Imagem não é próprio do Filho.
 
Mas, em contrário, diz Agostinho, que só o Filho é Imagem do Pai3.
 
Solução. – Os doutores dos Gregos dizem comumente, que o Espírito Santo é a imagem do Pai e do Filho. Mas, os Doutores latinos só ao Filho atribuem o nome de imagem; pois, só ao Filho atribui tal nome e Escritura canônica. Assim, o Apóstolo diz (Cl 1, 15): Que é a imagem de Deus invisível, o primogênito de toda a criatura; e, noutro lugar (Hb 1, 3): O qual, sendo resplendor da glória é a figura da sua substância.
 
E a razão disto alguns a dão dizendo, que o Filho convém com o Pai não somente pela natureza, mas também pela noção de princípio; ao contrário, o Espírito Santo não convém com o Filho nem com o Pai por nenhuma noção. – Mas, esta explicação não é suficiente. Pois, assim como pelas relações não há em Deus igualdade nem desigualdade, como diz Agostinho4, assim, nem semelhança, necessária essencialmente à imagem.
 
E por isso outros dizem, que o Espírito Santo não pode ser chamado imagem do Filho, por não haver imagem de imagem. Nem também do Pai, porque a imagem se refere imediatamente ao ser do qual é, ao passo que o Espírito Santo se refere ao Pai pelo Filho. E nem tão pouco é imagem do Pai e do Filho, porque então haverá uma só imagem, de dois, o que é impossível. Por onde se conclui, que o Espírito Santo de nenhum modo é imagem. – Mas, nada disto é exato. Pois, sendo o Pai e o Filho princípio uno do Espírito Santo, como adiante se dirá5, nada impede sejam o Pai e o Filho, como um só, uma só imagem, assim como o homem é a imagem una de toda a Trindade.
 
E, portanto, devemos dizer, diferentemente, que embora o Espírito Santo, pela sua processão, receba a natureza do Pai, como o Filho, e todavia não se chama nato, assim, embora receba a espécie semelhante do Pai, não se chama imagem. Porque o Filho procede como Verbo, a cuja essência pertence à semelhança de espécie com o ser donde procede: mas isto não pertence à essência do amor, embora convenha ao Amor chamado Espírito Santo, enquanto amor divino.
 
Donde a resposta à primeira objeção. – Damasceno e os outros doutores Gregos comumente usam do nome de imagem significando perfeita semelhança.
 
Resposta à segunda. – Embora o Espírito Santo seja semelhante ao Pai e ao Filho, todavia daí se não segue seja imagem, pela razão já exposta.
 
Resposta à terceira. – A imagem de um ser de duplo modo se encontra em outro. De um modo, como no que é da mesma natureza específica; assim a imagem do rei está no seu filho. De outro modo, como no que é de outra natureza; e assim a imagem do rei, na moeda. Ora, do primeiro modo o Filho é a imagem do Pai; e do segundo se diz, que o homem é a imagem de Deus. Por onde, para significarmos, no homem, a imperfeição da imagem, dele não só dizemos que é imagem, mas que é à imagem; com o que significamos certo movimento do que tende à perfeição. Mas do Filho de Deus não podemos dizer que seja à imagem, pois, é a perfeita imagem do Pai.

 

  1. 1. De Fide Orth., 1. I, c. 13.
  2. 2. In libro Octoginta trium Quaest., q. 74.
  3. 3. VI De Trin., c. 2.
  4. 4. Contra Maximin., l. II.
  5. 5. Q. 36, a. 4.
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