Como responder a alguém que crê que sua alma eterna teve vidas passadas?
O primeiro ponto a ser estabelecido em qualquer resposta, sempre, é reconhecer o elemento de verdade na afirmação da outra pessoa. O elemento de verdade, aqui, é que a alma é “eterna”, não no mesmo sentido em que Deus é eterno, mas, usando uma expressão católica, no sentido de que ela é imortal, ou seja, de que ela não pode morrer ou deixar de existir de algum modo. Agora, essa alma que não pode morrer é sempre a mesma. Ela não pode ser uma alma diferente ou a alma de um ser diferente e, ainda assim, continuar sendo uma alma imortal.
Disso já podemos refutar a reencarnação, na qual a mesma alma passaria por vários níveis de existência, passando, por exemplo, por uma vida animal. Se tal fosse o caso, ela não seria a mesma alma, o mesmo indivíduo, idêntica a si mesma. Seria uma alma diferente, isto é, um princípio de vida diferente da que era. A razão disso é que a alma é o princípio da vida, e a mesma alma não pode ser o princípio de dois tipos diferentes de vida, animal e humana.
Essa pessoa, porém, parece estar dizendo que ela teve várias vidas humanas. A primeira e mais óbvia pergunta a se fazer a ele é que prove essa afirmação, algo que ele, obviamente, não tem como fazer. Qualquer memória que ele tenha poderia ser só a imaginação dele, e elas têm que ser provadas por algum referencial exterior para que essas afirmações possam ser levadas a sério.
Porém, o mesmo argumento filosófico pode ser usado contra a reencarnação. Se uma alma tivesse tido uma vida diferente, então ela seria uma alma diferente e um ser individual diferente do que ela é hoje. A alma não pode mudar sua matéria e tornar-se a forma de um corpo, e, após, de outro corpo; agora, de um ser, depois, de outro ser. Ela teria que ser uma alma individual diferente para tomar um corpo ou ser individual diferente. Portanto, não pode ser a mesma pessoa que tem vidas diferentes. A pessoa humana é composta de corpo e alma, de modo que, assim que você altera um, imediatamente você altera o outro.
Isso não pode ser negado por ninguém que reconheça que o homem tem um lado espiritual nele (suas faculdades do intelecto e da vontade), bem como um lado corporal. O corpo e a alma andam juntos, a alma dando forma ao corpo, e o corpo, por natureza, sendo o corpo dessa alma. Afirmar que os dois podem ser separados vai contra todos os indícios dos sentidos, que apontam para a unidade do homem, corpo e alma. Portanto é impossível afirmar que uma pessoa teve vidas corporais diferentes.