Pe. Juan Carlos Iscara - FSSPX
Na FIV, um óvulo é removido cirurgicamente do ovário da mãe, transferido a uma solução especial e misturado ao esperma (normalmente obtido através de um ato pecaminoso). Uma vez que a fertilização haja ocorrido, o embrião é implantado na parede uterina. Apesar de o procedimento ter se tornado mais ou menos comum, ainda é doloroso, caro e nem sempre bem sucedido. Para reduzir a dor, custos e risco de fracasso, as mulheres normalmente recebem drogas para estimular a ovulação, o que permite que vários óvulos sejam retirados de uma só vez, os quais, uma vez fertilizados, produzirão vários embriões prontos para implantação. Normalmente, os embriões extras são congelados e mantidos em nitrogênio líquido para serem usados posteriormente, se houver necessidade, apesar do congelamento reduzir sua capacidade de ser implantados.
Por que esse procedimento é imoral?
“Em comparação com a transmissão de outras formas de vida no universo, a transmissão da vida humana tem um caráter especial próprio, que deriva da natureza especial da pessoa humana. A transmissão da vida humana é encarregada pela natureza a um ato pessoal e consciente, e que, como tal, está sujeito às leis sagradas de Deus, leis imutáveis e invioláveis que devem ser reconhecidas e observadas. Por essa razão, não é possível usar meios e seguir métodos que seriam lícitos na transmissão da vida das plantas e dos animais” (Congregação para a Doutrina da Fé, Donum Vitae).
A Igreja sempre rejeitou a atitude “que separa, na geração, a atividade biológica da relação pessoal do casal em matrimônio. A criança é fruto da união conjugal, quando essa união encontra expressão plena através do uso das funções orgânicas, das emoções sensíveis conjugadas, e do amor espiritual e desinteressado que anima a união. É na unidade desse ato humano que devemos colocar considerações biológicas sobre a geração. Jamais é permitido separarem-se esses vários aspectos de maneira a excluir a intenção procriativa ou a união conjugal” (Pio XII)
Portanto, a imoralidade fundamental da fertilização in vitro reside no fato de que constitui uma perversão da ordem da natureza – desejada por Deus – no uso do casamento. Com efeito, o ato de procriar é substituído por uma intervenção técnica, que ocorre fora da união física dos esposos. Como a procriação é separada do ato conjugal, a finalidade procriativa do casamento é separada do seu fim unitivo, do amor mútuo dos esposos.
Além disso, “na prática comum da fertilização in vitro, nem todos os embriões são transferidos para o corpo da mulher; alguns são destruídos. Assim como a Igreja condena o aborto induzido, ela também proíbe atos contra a vida desses seres humanos. Agindo dessa maneira, o pesquisador usurpa o lugar de Deus; e, ainda que ele não esteja ciente disso, coloca-se como mestre do destino de outros na medida que ele arbitrariamente escolhe quem ele permitirá viver e quem ele vai entregar à morte e mata seres humanos indefesos” (Congregação para a Doutrina da Fé, Donum Vitae).