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Art. 4 – Se a honestidade deve ser considerada parte da temperança.

O quarto discute–se assim. – Parece que a honestidade não deve ser considerada parte da temperança.

1. – Pois, não é possível uma coisa ser, ao mesmo respeito, parte e todo. Ora, a temperança é parte da honestidade, como diz Túlio. Logo, a honestidade não faz parte da temperança.

2. Demais. – A Escritura diz, que o vinho torna todos os corações honestos. Ora, o uso do vinho, sobretudo o supérfluo, a que a Escritura se refere, constitui antes intemperança, que temperança. Logo, a honestidade não é parte da temperança.

3. Demais. – Chama–se honesto ao que é digno de honra. Ora, os mais honrados são os justos e fortes, como diz o Filósofo. Logo, a honestidade não faz parte da temperança, mas antes, da justiça ou da coragem. Por isso, diz Eleazar, na Escritura: Sofrerei com ânimo pronto e constante uma honrosa morte em defesa de leis tão graves e tão santas.

Mas, em contrário, Macróbio considera a honestidade como parte da temperança. E Ambrósio também atribui especialmente a honestidade à temperança.

SOLUÇÃO. – Como dissemos, a honestidade é uma certa beleza espiritual. Ora, o belo se opõe ao desonesto. E, os opostos se manifestam, principalmente, pela sua contrariedade. Por onde, a honestidade faz especialmente parte da temperança, que repele o que ao homem é desonestíssimo e inconvenientíssimo, a saber, os prazeres animais. Por isso, na própria denominação de temperança se inclui, sobretudo o bem da razão, do qual .e próprio moderar e temperar as concupiscências depravadas. Portanto, a honestidade, enquanto atribuída à temperança, por uma certa e especial razão, é considerada parte integrante dela; não, certamente, subjetiva. ou como virtude adjunta; mas, como parte integrante, sendo uma condição dela.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ A temperança é considerada parte subjetiva da honestidade, enquanto tomada na sua generalidade. E, nesse sentido, não é considerada parte da temperança.

RESPOSTA À SEGUNDA. – O vinho torna honesto o coração dos ébrios, na reputação deles por lhes parecer que são grandes e merecedores de honras.

RESPOSTA À TERCEIRA. – À justiça e à fortaleza é devida maior honra do que à temperança, por causa da maior excelência do seu bem. Mas, à temperança é devida honra maior, porque é ela a que coíbe os vícios mais censuráveis, como do sobre dito resulta. Por isso, a honestidade é atribuída, antes à temperança, segundo a regra do Apóstolo: Os (membros) que em nós são menos honestos os recatamos com maior decência, isto é, removendo o que é desonesto.

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