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Art. 8 — Se a penitência deve durar até ao fim da vida.

 

O oitavo discute-se assim. — Parece que a penitência não deve durar até ao fim da vida.
 
1. — Pois, a penitência se ordena a delir o pecado. Ora, o penitente recebe logo a remissão dos pecados, conforme àquilo da Escritura: Se o ímpio fizer penitência de todos os seus peca­dos que cometeu viverá e não morrerá. Logo, não é preciso prolongar ainda mais a penitência.
 
2. Demais. — Fazer penitência é próprio dos principiantes. Ora, desse estado devemos passar para o dos que progridem e, depois, ao dos perfeitos. Logo, não devemos fazer penitência até ao fim da vida.
 
3. Demais. — Assim como nos outros sacramentos devemos observar as prescrições da Igre­ja, assim também neste. Ora, segundo os câno­nes, há tempos determinados para a penitência; de modo que quem cometeu um certo pecado ou tal outro faça tantos anos de penitência. Logo, parece que a penitência não se nos deve esten­der até ao fim da vida.
 
Mas, em contrário, diz Agostinho: Que nos resta senão chorar durante esta vida? Pois, onde não há dor não há penitência. E se não faze­mos penitência, como alcançaremos perdão?
 
SOLUÇÃO. — Há duas espécies de penitência: a interior e a exterior. - A interior é a que nos faz chorar o pecado cometido. E essa deve durar até ao fim da vida. Pois, sempre nos de­vemos doer do pecado cometido; do contrário, se nos comprazemos no pecado, já por isso mesmo nele incorremos e perdemos o fruto do perdão. Ora, a displicência do pecado cometido causa dor em quem é dela susceptível, como o somos nós durante esta vida. Mas, depois dela, os bens aventurados não são mais capazes de dor. E por isso, sem nenhuma dor, lhes repugnarão todos os pecados passados, segundo aquilo da Escritura: Foram entregues ao esquecimento as primeiras angústias. - A penitência exterior é a pela qual damos mostras externas de dor, con­fessamos verbalmente os nossos pecados ao con­fessor, que os absolve, e satisfazemos conforme ele o ordenar. E essa penitência não há de du­rar até ao fim da vida; mas até um certo tempo, segundo a medida do pecado.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A verdadeira penitência não só remove os peca­dos passados, mas também nos preserva dos fu­turos. Pois, embora no primeiro instante da verdadeira penitência alcancemos a remissão dos pecados, devemos, contudo perseverar penitentes, para não reincidirmos no pecado.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Fazer penitência in­terior simultaneamente com a exterior é próprio dos incipientes, que acabam de sair do pecado. Mas, fazer penitência interna cabe tanto aos que progridem como aos perfeitos, segundo aquilo da Escritura: Por isso o próprio Paulo dizia: Não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Esses tempos referi­dos são prefixados aos penitentes quanto ao ato da penitência exterior.

 

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