O duodécimo discute-se assim. — Parece que rito deste sacramento não é o que deve ser.
1. — Pois o sacramento do batismo é de maior necessidade que o da confirmação, como se disse. Ora, o batismo se celebra nos tempos determinados da Páscoa e do Pentecostes. Logo, também a este sacramento deve ser prefinado um tempo certo.
2. Demais. — Assim como este sacramento requer a devoção em quem o confere e em quem o recebe, assim também o batismo. Ora, para receber o batismo não é necessário estar em jejum, nem para conferi-lo. Logo, parece que o Concílio Aurelianense não estatuiu acertadamente, que estejam em jejum os que vierem receber a confirmação. E nem o Concílio Meldense: Os bispos não dêem o Espírito Santo, pela imposição das mãos, senão em estado de jejum.
3. Demais. — A crisma é um sinal da plenitude do Espírito Santo, como se disse. Ora, a plenitude do Espírito Santo é dada aos fiéís de Cristo no dia de Pentecostes, como se lê na Escritura. Logo, com maior razão, a crisma deve ser confeccionado e bento, antes, na festa de Pentecostes que na da ceia do Senhor.
Mas em contrário, o uso da Igreja, governada pelo Espírito Santo.
SOLUÇÃO. — Deve-se dizer que o senhor fez a seguinte promessa aos seus fiéis: Onde se acham dois ou três congregados em meu nome, aí estou eu no meio deles. Por isso devemos crer firmemente que as ordenações da Igreja são dirigidas pela sabedoria de Cristo. E por isso, deve ser certo que o rito observado pela Igreja neste e nos outros sacramento é o que deve ser.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz Melquiades Papa, este dois sacramentos, unidos, a saber, o batismo e a confirmação, de tal modo estão unidos, que salvo em perigo de morte, não podem ser separados um do outro, e não pode um ser ministrado sem o outro. Por isso, foram prefixados os mesmos tempos para a celebração solene do batismo e da confirmação. Mas, sendo a confirmação conferida só pelos bispos, que nem sempre estão presentes quando os presbíteros batizam, as exigências do uso comum levaram a diferir para tempos diferentes o sacramento da confirmação.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Da referida proibição se excetuam os enfermos e os que estão em perigo de morte, como se lê nas atas do Concílio Meldense. Por isso, por causa da multidão dos fiéis e de perigos iminentes, admite-se que a confirmação, que pode ser conferida só pelos bispos, seja recebida e conferida mesmo por quem não estivesse em jejum. Porque um só bispo, sobretudo numa grande diocese, não bastaria para confirmar a todos, se o tempo lhe fosse determinado pelo jejum. Mas quando essa observância puder ser obedecida sem incômodo, é mais conveniente que observem o jejum tanto quem confere como quem recebe o sacramento.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Como se determina no concílio de Martinho Papa, em qualquer tempo em lícito confeccionar a crisma. Mas como o batismo solene, que exige o uso da crisma; é celebrado na vigília da Páscoa, ordenou-se acertadamente que dois dias antes o crisma fosse bento pelo bispo, a fim de poder ser distribuído por toda a diocese. - Demais, esse dia é assaz próprio à bênção das matérias sacramentais, em que foi instituído o sacramento da Eucaristia, ao qual se ordenam de certo modo todos os outros sacramentos, como dissemos.