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Art. 12 — Se o batismo de sangue é o mais principal dos três.

O duodécimo discute-se assim. — Parece que o batismo de sangue não é o mais principal dos três.
 
1. — Pois, o batismo de água imprime ca­ráter. O que não faz o sangue. Logo, o ba­tismo de sangue não é mais principal que o de água.
 
2. Demais. — O batismo de sangue não vale sem o de espírito, que é pela caridade, como diz o Apóstolo: Se entregar o meu corpo para ser queimado se todavia não tiver caridade, nada disto me aproveita. Ora, o batismo de espírito vale sem o de sangue, pois, não são só os már­tires que se salvam. Logo, o batismo de sangue não é o mais principal.
 
3. Demais. — Assim como o batismo de água tira a sua eficácia da paixão de Cristo; ao qual, segundo se disse, corresponde o batismo de sangue, assim a paixão de Cristo haure a sua eficácia no Espírito Santo, segundo aquilo do Apóstolo: O sangue de Cristo, que pelo Espírito Santo se oferece a si mesmo por nós, limpará a nossa consciência das obras da morte, etc. Logo, o batismo de espírito é mais principal que o de sangue. Portanto, não é o batismo de sangue o mais principal.
 
Mas, em contrário, Agostinho, comparando os batismos, diz: O batizado confessa a sua fé diante do verdugo. Aquele, depois da sua confissão, é aspergido com água; este, com sangue. Aquele, pela imposição da mão do pontífice, recebe o Espírito Santo; este se torna o tempo do Espírito Santo.
 
SOLUÇÃO. — Como dissemos, a efusão do sangue por amor de Cristo e a ação interior do Espírito Santo se chamam batismos por fazerem o efeito do batismo de água. Ora, este tira a sua eficácia da paixão de Cristo e do Espírito Santo, como se disse. E essas duas causas operam em qualquer desses três batismos, mas de modo mais excelente no batismo de sangue. Pois, a paixão de Cristo opera por certo no batismo de água por uma representação de algum modo figurada: no batismo de espírito ou de penitência por uma determinada afeição; mas no batismo de sangue, pela imitação das obras. Semelhantemente, a virtude do Espírito Santo obra no batismo de água por uma certa virtude latente; no de penitência, pela noção de coração; no de sangue, pelo ardente fervor da dileção e do afeto, segundo aquilo de João: Ninguém tem maior amor do que este, de dar um a própria vida por seus amigos.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O caráter é uma realidade e um sacramento. Mas não dizemos que o batismo de sangue tenha preeminência, quanto à essência do sacramento, senão quanto ao efeito deste.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A efusão de sangue não é por si mesma um batismo, se o for sem a caridade. Por onde é claro que o batismo de sangue inclui o de espírito e não ao inverso. E isso mesmo prova que é mais perfeito.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O batismo de sangue tem preeminência não só em virtude da paixão de Cristo, mas também em virtude do Espírito Santo, como se disse.

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