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Art. 5 — Se o anjo é delegado para guardar o homem, desde o nascimento deste.

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(II Sent., dist. XI, part. I, a. 3. corp. et ad 3)
 
O quinto discute-se assim — Parece, que o anjo não é delegado, para guardar o homem desde o nascimento deste.
 
1. — Pois, os anjos são mandados em ministério, a favor daqueles que hão de receber a herança da salvação, como diz o Apóstolo. Ora, os homens começam a receber a herança da salvação, quando batizados. Logo, o anjo é delegado para guardar o homem, desde o tempo do batismo e não desde o nascimento.
 
2. Demais. — Os homens são guardados pelos anjos, enquanto estes os iluminam pela doutrina. Ora, os recém-nascidos não são capazes de doutrina por não terem o uso da razão. Logo, não lhes são delegados anjos da guarda.
 
3. Demais. — As crianças no ventre materno têm, depois de certo tempo, alma racional, bem como a têm depois da natividade. Ora, enquanto no ventre materno, não lhes são delegados anjos da guarda, como se sabe, porque os ministros da Igreja ainda não lhes comunicaram os sacramentos. Logo, não são delegados aos homens anjos da guarda, imediatamente depois do nascimento.
 
Mas, em contrário, diz Jerônimo, que cada alma, imediatamente depois de nascida, tem um anjo da guarda que lhe é deputado.
 
Solução. — Como diz Orígenes há, sobre este assunto, dupla opinião. Assim, uns ensinam que o anjo é dado ao homem, como guarda, desde o tempo do batismo. Outros porém, que desde o tempo do nascimento. E esta opinião Jerônimo a aprova, e com razão. Pois, os benefícios dados ao homem por Deus, desde que é cristão, começam do tempo do batismo, como receber a Eucaristia e outros. Ora o que a Providência divina dá ao homem, desde que este tem natureza racional, ele o recebe desde que ao nascer tem tal natureza. E tal benefício é a guarda dos anjos, como resulta claro do que já foi dito. Por onde, desde a sua natividade, o homem tem um anjo da guarda, que lhe é deputado.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — Os anjos são enviados em ministério eficaz, só quanto àqueles que hão de receber a herança da salvação, se se considerar o efeito último da guarda, que é o recebimento da herança. Contudo, também os outros não são privados desse ministério. Pois embora este não tenha a eficácia de os levar à salvação, é todavia eficaz,pelos livrar de muitos males.
 
Resposta à segunda. — A função de guardar se ordena à iluminação da doutrina, como ao último e principal efeito. Contudo, tem também muitos outros efeitos, que convêm às crianças, a saber, afastar os demônios e livrar de outros males, tanto corpóreos como espirituais.
 
Resposta à terceira. — Enquanto no ventre materno, a criança não está totalmente separada da mãe, sendo por uma como ligação ainda algo dela, assim como o fruto pendente é algo da árvore. E por isso pode-se provavelmente, dizer que o anjo que guarda a mãe, guarda a prole existente no ventre materno. Mas, ao separar-se da mãe, pela natividade, é lhe deputado um anjo da guarda, como diz Jerônimo.

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