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Creio em Jesus Cristo, Seu Único Filho, Nosso Senhor

31 — Não é somente necessário crerem os cristãos que existe um só Deus, e que Ele é Criador do céu, da terra e de todas as coisas, mas também é necessário crerem que Deus é Pai e que Jesus Cristo é seu verdadeiro Filho.
 
Esse mistério não é um mito, mas uma verdade certa e comprovada pela palavra de Deus no monte, conforme a afirmação de S. Pedro: “Porque não foi baseando-nos em fábulas engenhosas que vos demos a conhecer o poder e a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por termos visto a Sua Majestade com os nossos próprios olhos. Porque Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foram dirigidas estas palavras: ‘Este é meu Filho muito amado, em quem pus as minhas complacências’. E nós mesmos ouvimos esta voz vinda do céu, quando estávamos com Ele no monte santo” (II Ped. 1, 16-18).
 
O próprio Jesus Cristo muitas vezes chama a Deus como seu Pai, e, também, denominava-se Filho de Deus.
 
Os Apóstolos e os Santos Padres colocaram entre os artigos de fé que Jesus Cristo é Filho de Deus, quando definiram este artigo do Credo: “E em Jesus Cristo seu Filho”, isto é, Filho de Deus.
 
32 — Mas existiram alguns heréticos que acreditaram de um modo perverso nessa verdade de fé. Fotino1, um deles, declarou que Cristo não é filho de Deus senão como os outros homens bons o são, os quais, por viverem bem, merecem ser chamados filhos de Deus por adoção, enquanto fazem a vontade de Deus.
 
Do mesmo modo, dizem eles, Cristo, que viveu bem e fez a vontade de Deus, mereceu ser chamado de Filho de Deus.
 
O mesmo herético queria que Cristo não tivesse existido antes da Virgem Maria, mas que só começasse a existir quando nela foi concebido.
 
Cometeu Fotino dois erros: um, porque não disse que Ele era Filho de Deus segundo a natureza; o outro, porque disse que Ele começou a existir, conforme todo o seu ser, no tempo, enquanto a nossa fé afirma que Ele é por natureza Filho de Deus e eterno. Ora, essa duas verdades encontram-se claramente expressas na Sagrada Escritura, opostas que são ao que ele afirma.
 
Contra o primeiro erro, declara a Escritura que Jesus Cristo não só é Filho de Deus, mas também Filho Unigênito: “O Unigênito que está no seio do Pai é que O fez conhecido” (Jo 1, 18). Contra o segundo, lê-se: “Antes de Abraão existir, eu já existia” (Jo 8, 58). Ora, é certo que Abraão existiu antes da Virgem Maria.
 
Por esse motivo, os Santos Padres acrescentaram, em outro símbolo2, contra o primeiro erro: “Filho de Deus Unigênito”; e, contra o segundo: “nascido do Pai antes de todos os séculos”.
 
33 — Sabélio3, embora tivesse dito que Cristo existiu antes da Virgem Maria, afirmou que a Pessoa do Pai outra não era que a do Filho, e que o próprio Pai se encarnou. Desse modo, a Pessoa do Pai seria a mesma que a do Filho. Mas isso é um erro, porque destrói a trindade das Pessoas. Contra esse erro, há a autoridade do Evangelista S. João, que nos relatou as palavras do próprio Cristo: “Eu não sou Eu só; sou Eu e o Pai que me enviou” (Jo 8, 16).
 
Ora, é evidente que ninguém pode ser enviado por si mesmo. Eis porque Sabélio errou. Acrescentou-se por isso, no Símbolo dos Padres: “Deus de Deus, luz de luz”; isto é, Deus Filho de Deus Pai; Filho que é luz, luz que procede do Pai, que também é luz. É nessas verdades que devemos crer.
 
34 — Ário4, embora tivesse afirmado que Cristo existira antes da Virgem Maria e que era uma a Pessoa do Pai, outra, a do Filho, atribuiu, ao ser de Cristo, três erros: primeiro, que Cristo foi criatura; segundo, que Ele foi feito por Deus como a mais nobre das criaturas, não desde a eternidade, mas no tempo; terceiro, que não havia uma só natureza de Deus Filho com Deus Pai, e, por esse motivo, Cristo era verdadeiro Deus.
 
Tais afirmações são evidentemente errôneas por que contrárias à autoridade da Sagrada Escritura.
 
Lê-se no Evangelho de S. João: “Eu e o Pai somos um” (Jo. 10, 30), isto é, pela natureza. Ora, como o Pai sempre existiu, do mesmo modo o Filho; como o Pai é verdadeiro Deus, assim também o Filho.
 
Em oposição à afirmação de Ário, isto é, que Cristo é criatura, está declarado no Símbolo dos Padres: “gerado, não feito”.
 
Contra o erro propalado de que Ele não era da mesma substância do Pai, foi acrescentado no Símbolo: “consubstancial com o Pai”.
 
35 — Está, pois, esclarecido porque devemos crer que Cristo é o Filho Unigênito de Deus, e verdadeiro Filho de Deus; que sempre existiu com o Pai; que uma é a Pessoa do Filho, outra, a do Pai; que Ele tem uma só natureza com o Pai.
 
Cremos nessas verdades, aqui, pela fé; conhecê-las-emos, porém, na vida eterna, por uma perfeita visão.
 
Para nossa consolação, acrescentemos algumas palavras a essas verdades.
 
36 — Devemos saber que há diversos modos de geração, conforme a diversidade dos seres5. A geração em Deus é diferente da geração nos outros seres. Por isso, não podemos chegar a conhecer a geração de Deus, a não ser por meio da geração de criaturas que mais se aproximam de Deus e que mais se assemelham a Ele. Ora, como foi dito, nada se assemelha tanto a Deus, como a alma humana.
 
Há, na alma, uma espécie de geração, quando o homem conhece alguma coisa pela própria alma, que se chama conceito intelectivo. Esse conceito (efeito da concepção) tem a sua origem da própria alma, como de um pai. Chama-se verbo (isto é, palavra) da inteligência ou do homem.
 
A alma, portanto, gera o seu verbo, pelo conhecimento.
 
O Filho de Deus, também, nada mais é que o Verbo de Deus, não como se fosse um verbo (uma palavra) já pronunciado exteriormente, porque assim seria transitório, mas como um verbo (uma palavra) concebido no interior. Eis porque o próprio verbo de Deus possui uma só natureza de Deus, e é igual a Deus.
 
O Bem-aventurado João, quando falou do verbo de Deus, destruiu as três heresias acima definidas: a de Fotino, quando disse: “No princípio era o Verbo”; a de Sabélio, quando disse: “e o verbo estava em Deus”; e a de Ário, quando disse: “e o Verbo era Deus”.
 
37 — Mas o Verbo (a palavra) existe diversamente em nós e em Deus. Em nós, o verbo é um acidente6; em Deus, o Verbo de Deus mais identifica-se com o próprio Deus, pois nada há em Deus que não seja essência de Deus.
 
Ninguém pode afirmar que Deus não possui um verbo, porque, se o fizesse, estaria também afirmando que em Deus não há absolutamente conhecimento. Como, porém, Deus sempre existiu, assim também o seu Verbo.
 
38 — Como o artista executa as suas obras de acordo com o modelo que prefigurou em sua inteligência, que é o seu verbo; assim também Deus faz todas as coisas pelo seu Verbo, que é como o seu pensamento artístico. Por isso lê-se em S. João: “Todas as coisas foram feitas por Ele” (Jo. 1, 3).
 
39 — Se o Verbo de Deus é o Filho de Deus e todas as palavras (os verbos) de Deus possuem alguma semelhança com esse verbo, todos nós devemos, em primeiro lugar, ouvir com satisfação as palavras de Deus. Se ouvirmos com prazer as palavras de Deus, isto é sinal de que amamos a Deus.
 
40 — Em segundo lugar, devemos crer nas palavras de Deus, porque é assim que o Verbo de Deus habita em nós, isto é, Cristo, que é o Verbo de Deus. Lê-se no Apóstolo S. Paulo: “Habitar Cristo, pela fé, em vossos corações”. (Ef. 3, 17). Lê-se também em S. João: “Não tendes o Verbo de Deus permanecendo em vós porque não acreditais n’Aquele que Ele enviou”. (Jo. 5, 38).
 
41 — Em terceiro lugar, convém que sempre tenhamos o Verbo de Deus, que permanece em nós, como objeto das nossas meditações. Não é conveniente apenas crer, mas é necessário também meditar, pois de outro modo, a fé não nos seria útil. A meditação sobre o Verbo de Deus é muito útil contra o pecado. Lê-se nos Salmos: “Escondi no meu coração a Vossa palavra, para não pecar contra vós” (Ps. 118, 11). Lê-se, ainda, a respeito do homem justo: “Meditarei dia e noite na Sua Lei” (Ps. 1, 2). Por isso sabemos que a Virgem Maria “conservava todas essas palavras, meditando sobre elas no seu coração” (Lc. 2, 51).
 
42 — Em quarto lugar, convém que o homem comunique aos outros a palavra de Deus, admoestando, pregando-a para eles e afervorando-lhes a fé. Encontram-se nas cartas de S. Paulo os seguintes textos: “Que nenhuma palavra má proceda da vossa boca, mas somente as boas palavras que edificam” (Ef. 4, 29). “Que a palavra de Cristo habite em vós abundantemente, com toda sabedoria, culminando e admoestando uns aos outros” (Col. 3, 16); “Prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, pede e ameaça com toda a paciência e com toda a doutrina” (II Tess. 4, 2).
 
43 — Em último lugar, devemos cumprir o que a palavra de Deus determinou. Lê-se em S. Tiago: “Sede realizadores da palavra de Deus e não apenas ouvintes, enganando-vos uns aos outros” (Tiag. 1, 22).
 
44 — Na mesma ordem, a Bem-aventurada Virgem Maria seguiu essas cinco recomendações, quando nela foi gerado o Verbo de Deus. Primeiramente, ouviu: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc. 1, 35). Depois, consentiu pela fé: “Eis a escrava do Senhor” (Lc. 1, 38). Em terceiro lugar, recebeu o Verbo Encarnado e O carregou em seu seio. Em quarto lugar, ela O pronunciou quando a Ele deu a luz. Finalmente, nutriu-O e amamentou-o. Eis porque a Igreja canta: “A Virgem amamentava, fortalecida do céu, o próprio Rei dos Anjos”.

  1. 1. A heresia do Bispo Fotino de Sírmio († 376) tem sua fonte próxima na do Bispo Marcelo de Ancira († 374) e, remota, no Monarquismo Dinâmico. Esta. Propalada em Roma pelo grego Teódoto em 190, condenada pelo Papa Vitor, ensinava que Cristo era simples homem e, no batismo, foi revestido de poderes divinos. Marcelo ensinava que havia uma mônada que evoluiu com o aparecimento do Filho, na Encarnação, e do Espírito Santo, em Pentecostes. No fim dos tempos voltarão o Filho e o Espírito para a mônada primitiva. Não há, portanto, trindade eterna. Contra Marcelo foi acrescentado no Símbolo: “e o seu reino não terá fim”. S. Tomás sintetiza fielmente o erro de Fotino neste sermão. Fotino foi condenado várias vezes, destituído da Diocese de Sírmio, e exilado. Os seus asseclas perseveraram até o século VII.
  2. 2. Sendo a fé, por parte do homem, primeiramente um ato de conhecimento da inteligência, devem ter sentido as palavras que exprimem as suas verdades. Por isso a Igreja, desde os tempos Apostólicos, exigia, dos que procuravam o batismo, inteligência das palavras da fé, que eram definidas. Para que essa finalidade fosse alcançada, formularam-se sínteses das verdades fundamentais da fé com palavras de sentido preciso, compreensível e tradicional. Eram os símbolos da fé. A palavra símbolo, que primitivamente, na língua grega, significava um objeto que se dividia em duas partes, como contra-senha para identificação posterior, na tradição católica designava o resumo das verdades da fé que identificavam a religião de Cristo. Como começava pela palavra Credo, esta tornou-se sinônimo de Símbolo. Na antiguidade o Credo era unido ao ritual do catecumenato, isto é, na preparação para o batismo: os “electi” (eleitos) acabavam a sua preparação recebendo os ensinamentos do Símbolo da Fé (Traditio Symboli = entrega de símbolo), e depois deviam recitá-lo diante do Bispo (redditio symbolo = devolução do símbolo). Com o correr dos tempos , para maior defesa contra as heresias, passou para a Liturgia Eucarística. A sua posição atual, após o Evangelho das Missas, foi introduzido por Carlos Magno († 794), para combater a heresia do adopcionismo. Os símbolos mais importantes são os seguintes: I) Símbolo dos Apóstolos: É o mais antigo Símbolo da Igreja, chamado por Tertuliano de “Regula Fidei”, cujas origens vêm dos tempos dos Apóstolos, conforme a tradição. A sua mais primitiva fórmula, baseada nas Escrituras, seria a seguinte: “Creio no Pai Todo Poderoso; em Jesus Cristo, nosso Salvador; no Espírito Santo Paráclito, na Santa Igreja e na remissão dos pecados”. Como se vê, nele estavam contidos os Mistérios da Trindade, da Encarnação e da Redenção. A fórmula atual do Símbolo Romano tem suas origens no século III. Consta de 12 artigos; II) Símbolo de Santo Atanásio: É uma profissão de fé mais ampla, atribuída a Santo Atanásio, mas provavelmente foi transmitida por Santo Ambrósio (séc. IV) que a recebera da tradição. Procura definir com bastante exatidão o Mistério da Santíssima Trindade; III) Símbolo de Nicéia: Elaborado e aprovado no Concílio Ecumênico de Nicéia. O Concílio de Nicéia foi convocado pelo Imperador Constantino para pôr fim à heresia do arianismo (nota 8). Presidiu-o o Bispo Ósio e os representantes do Papa Silvestre. Participaram dele mais 300 Bispos. Na sessão de 19 de junho de 325 foi aprovado o “Símbolo de Nicéia”, onde é definidio que o Filho é da mesma natureza do Pai: “Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, da idêntica natureza do Pai”; IV) Símbolo Niceno-Constantinopolitano: Elaborado e aprovado no Concílio Ecumênico de Constantinopla, reunido nesta cidade no ano de 31. Reproduz o Símbolo de Nicéia, fazendo alguns acréscimos, principalmente com relação à Terceira Pessoa da Trindade: “e (nós cremos) no Espírito Santo, Senhor e vivificador, procedente do pai, que é adorado e glorificado juntamente com o Pai e o Filho, procedente do Pai, que é adorado e glorificado juntamente como Pai e o Filho, e que falou pelos Profetas”. É na Igreja Oriental a fórmula única de profissão de fé. Há outras profissões de fé na Igreja antiga, uma mais, outras menos desenvolvidas, mas todas concordes no sentido das palavras e nos mistérios da fé.
  3. 3. Sabélio (século II) não aceitava a Trindade em Deus, mas confundia as Pessoas numa só unidade em Deus. Para ele, as Pessoas são modos em que Deus se manifesta. A sua heresia é denominada “monarquianismo modalista”, e, também, “patripassionismo”, ou, ainda, “sabelianismo”. Admitia três manifestações de Deus: como Pai, na criação e legislação; como Filho, na redenção, e, como Espírito Santo, na obra de santificação.
  4. 4. O Arianismo foi a mais perigosa heresia dos primitivos tempos do cristianismo. Foi seu criador um sacerdote de Alexandria, chamado Ario ( 336). Ensinava ele um certo subordicianismo, heresia mais antiga, que afirmava ser o Filho subordinado ao Pai, negando-lhe, desse modo, identidade de natureza. Para Ario, o Filho era um ser divino de segunda ordem, o qual, por ser desprovido dos atributos absolutos da divindade, podia realizar a criação e a redenção. Há na doutrina de Ario dependência da mentalidade neoplatônica reinante no seu tempo. O arianismo ensinava que “houve um tempo em que o Verbo não era”, e “ele (o Verbo) provém do não ser”. Portanto, a Segunda Pessoa seria uma criatura. Condenada a heresia pelo Concílio de Nicéia (nota 6), não cessou a sua obra deletéria nos meios católicos, tomando novo alento com os dois Imperadores arianos Constâncio (337-361) e Valente (364-378). O Imperador Teodório, o Grande (379-395), reafirmando a ortodoxia católica, conseguiu atenuar os males do arianismo, que por mais de 50 anos dilaceraram a Igreja. Foi definitivamente condenado pelo Concílio de Constantinopla, de 381, após polêmicas violentas, lutas e separações entre os católicos. Se a Tradição ortodoxa teve a seu lado grandes doutores da Igreja como Atanásio, Basílio, Gregório de Lauzianze e grandes Bispos, os arianos conseguiram envolver muitos Bispos e católicos nas suas ambíguas e imprecisas fórmulas heterodoxas. A heresia tomou tal proporções nos meios católicos que S. Jerônimo chegou a descrever a situação com essas palavras: “Lastimou-se todo o orbe e admirou-se porque estava ariano”.
  5. 5. Aqui S. Tomás esclarece-nos como a possessão do Verbo na Trindade é uma geração, donde a Segunda Pessoa denominar-se também Filho. No texto latino a palavra e o conceito são expressos pelo mesmo termo — verbum —, podendo-se então mais de perto seguir o pensamento do Doutor Angélico. Define S. Tomás geração, conforme realiza-se nos seres vivos, como sendo a “origem de um ser vivo, de um principio vivo conjunto”. Aplica a definição à possessão da Segunda Pessoa: “Portanto a possessão do Verbo em Deus tem a formalidade de uma geração. Ele procede à semelhança de ação inteligível, que é uma operação vital; de um princípio vivo conjunto, como foi dito anteriormente (isto é, da inteligência divina), e de modo semelhante, porque o conceito intelectivo é semelhante coisa conhecida; e na mesma natureza, porque em Deus ser e conhecer são a mesma realidade... Por conseguinte a processão do Verbo em Deus chama-se geração, e o próprio Verbo procedente chama-se Filho” (S. T. I. 7, 2; cf. I. 27, 1; cf. I. 34, 2).  A questão é tratada com notável clareza na Suma Teológica em linguagem teológica, da qual neste sermão percebe-se a influência.
  6. 6. S. Tomás assim precisa a noção de substância: “A substância que é sujeito tem duas propriedades: primeiro, não ter necessidade de um fundamento extrínseco para ser sustentada, mas sustenta-se em si mesma; segundo, ser fundamento dos acidentes, sustentando-os, e por isso diz-se que sub-está” (Pot. 9, 1). A substância subsiste em si mesma e sustenta os acidentes. Acidente é justamente o ser que existe, mas não subsiste, porque está acidente à substância. “Acidente — diz S. Tomás — é o ser cuja essência deve estar em outra coisa” (Qdc. IX, 5, ad 2) “Convém que o ser deles (isto é, dos acidentes) seja acrescido ao ser da substância, e dependente deste” (C. G. IV, 14). O acidente é um ser secundário, mais imperfeito que o ser da substância e, sem a sua substância, o acidente não pode existir (a não ser por um milagre de Deus). “A substância, diz Aristóteles, é o simples ser e se realiza por si mesmo: todos os outros gêneros de ser diversos da substância são seres de certo modo e existem pela substância. Por conseguinte, a substância é o primeiro entre os seres” (Met., VII, 1, 1028).
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