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Art. 8 ― Se os atos da alma vegetativa estão sujeitos ao império da razão.

(II ª, II ª, q. 148, a . 1, ad 3 III, q. 15, a . 2, ad 1; q. XIX, a . 2; II Sent., dist. XX, q. 1, a . 2, ad 3; De Verit., q. 13, a . 4: Quodl., IV, q. 11, a 1).
 
O oitavo discute-se assim. ― Parece que os atos da alma vegetativa estão sujeitos ao império da razão.
 
1. ― Pois, as forças sensitivas são mais nobres que as da alma vegetativa. Ora, aquelas estão sujeitas ao império da razão. Logo, estas também forçosamente, hão de estar.
 
2. Demais. ― O homem é chamado um pequeno mundo, porque a alma é para o corpo o que Deus é para o mundo. Ora, Deus está no mundo de modo tal que todas as coisas lhe obedecem ao império. Logo, tudo o que existe no homem, incluindo-se as forças da alma vegetativa, obedece ao império da razão.
 
3. Demais. ― Só os atos sujeitos ao império da razão são susceptíveis de louvor e de vitupério. Ora, os atos das potências nutritiva e geratriz são susceptíveis de louvor e de vitupério, de virtude e de vício, como o prova a gula, a luxúria e as virtudes opostas. Logo, os atos dessas potências estão sujeitos ao império da razão.
 
Mas, em contrário, diz Gregório Nisseno (Nemésio): o que diz respeito à potência nutritiva e à geratriz escapa à persuasão da razão1.
 
Solução. ― Dos atos, uns procedem do apetite natural, outros, do animal ou intelectual; pois, todo agente tende de certo modo para o fim. Ora, o apetite natural não é conseqüente a nenhuma apreensão, como acontece com o apetite animal e com o intelectual. A razão, por outro lado, impera ao modo de potência apreensora. Por onde, os atos procedentes do apetite intelectivo ou do animal podem ser governados pela razão; mas não os procedentes do apetite natural. E por isso Gregório Nisseno (Nemésio) diz, que se chama natural ao que pertence à potência geratriz e à nutritiva. Por onde, o ato da alma vegetativa não está sujeito ao império da razão.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — Tanto mais imaterial é um ato e tanto mais nobre é e mais sujeito ao império da razão. Por onde, as virtudes da alma vegetativa, não obedecendo à razão, são íntimas.
 
Resposta à segunda. ― No caso, a semelhança é parcial, e não total, pois, assim como Deus move o mundo, assim a alma, o corpo; mas a alma não criou o corpo, do nada, com Deus criou o mundo, o que explica que este lhe está totalmente sujeito ao império.
 
Resposta à terceira. ― A virtude e o vício, o louvor e o vitupério não se atribuem aos atos mesmos da potência nutritiva e da geratriz, a saber, a digestão e a formação do corpo humano; mas aos atos da parte sensitiva ordenados aos das duas sobreditas potências, por exemplo, aos atos de concupiscência relativos à gula e à sensualidade venérea, bem como ao exercício deles, conveniente ou inconveniente.

  1. 1. De Nat. Hom., cap. XXII.
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