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Category: PensamentoConteúdo sindicalizado

Quando não é filosofia por não ter uma conotação especulativa natural; quando não é teologia por não tratar de dogmas nem de um ponto preciso da doutrina católica. Quando exprime o pensamento católico na análise do mundo, da vida, das coisas que nos cercam e que nos afligem ou nos alegram.

Exegese de um lugar comum

Há certas frases que todo o mundo pronuncia sentenciosamente e todo o mundo ouve com respeito, sem que ninguém se dê ao trabalho de examinar a sua significação. Pode ser que constitua um desses lemas de universal e anônima sabedoria; mas também pode ser que não passe de um lugar comum ou de uma meia verdade, que, como sabemos, é a mais insidiosa espécie de mentira que o "homo mendax", consegue produzir neste vale de lágrimas.

Depravação do corpo: "eles" começam pelas crianças

Muitas vezes aludimos à crise que envenenou o Ocidente cristão, e que hoje se tornou universal graças ao movimento histórico da ocidentalização que, por paradoxo, se volta contra o Ocidente. Mais de uma vez tentamos percorrer os marcos históricos e as correntes de idéias que animaram a chamada civilização moderna e que agora deságuam pelo imenso estuário de mil disparates num oceano de sombrias perplexidades. A Renascença e a Reforma, debaixo de seus aspectos progressistas, e a par dos reais progressos trazidos pelas ciências da natureza, que asseguraram ao homem o conhecimento e o domínio das coisas exteriores e inferiores, foi o primeiro degrau do itinerário em que o homem se extravia de si mesmo, e para ganhar o mundo hipoteca a própria alma. Depois, na Revolução Francesa temos outro marco onde começa a grande impostura moderna das histórias mal contadas. Poderíamos dizer, embora nos repugne o neologismo, que a história recente é uma sucessão de estórias mal contadas. Num processo de sucessivo empulhamento que começou nos primórdios da Revolução Francesa, com as famosas societés de pensée denunciadas por Augustin Cauchin, seguiu-se a história do socialismo, a ascensão do liberalismo, a Revolução Russa, e as duas grandes guerras. Até hoje se conta a história da 2ª Guerra como se a Rússia tivesse desempenhado nela papel decisivo, papel de vencedor. Agora temos a super-impostura do progressismo “católico”, como uma síntese de todos os erros cometidos pela humanidade nestes últimos séculos. E qual é a direção geral, o efeito principal desses movimentos históricos?

A vocação da mulher

No meu tempo de rapaz houve uma época em que, cansado de estudar as crateras da lua e os anéis de Saturno, passei a interessar-me pela avicultura. E, como sempre misturei às coisas mais práticas um pouco de teoria, comecei por munir-me de um tratado. Ora, esse tratado que então adquiri, começava por essas inacreditáveis palavras: «A galinha e as aves domésticas em geral, tanto podem ser cuidadas por um homem como por uma mulher».

O método de escolha dos chefes

Alguém do Jornal do Brasil telefonou-me perguntando se eu poderia responder a duas perguntas simples: 1° — Quem seria no novo presidente?  2° — Que pensa o senhor do regime e sobretudo desse método de escolha dos chefes?

Os indiferentes

"Uma espécie de teósofo me disse: "O bem e o mal, a verdade e a mentira, a loucura e a sanidade, são apenas aspectos do mesmo movimento ascendente do Universo". Já nessa época me ocorreu perguntar: "Supondo que não exista diferença entre o bem e o mal, ou entre a verdade e a mentira, qual é a diferença entre ascendente e descendente?" 

G.K.Chesterton

 

O mundo perverso

Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro ele Me odiou. Se vós lhe pertencêsseis o mundo vos amaria, como ama os que são seus; mas vós não sois do mundo, fui Eu que vos apartei do mundo, e é por isso que ele vos odeia”.

 

(Jo 15, 18; Mat 10, 22; Mc 13, 13; lc 6,22; Jo 17, 14; Jo 3, 13; 17, 14-16; IJo 4, 5; 13, 16; Mat 10, 24; Lc 6, 40).

 

Meditações sobre a ruína do mundo

Qual será a causa profunda da doença mortal que corrói a civilização e que, por derrisão depois da leitura da página de Ibsen no artigo de quinta-feira, poderíamos chamar de fé na mentira vital?

A civilização do prazer

Qualquer pessoa medianamente dotada e ainda não dopada pelo imperativo de um otimismo que é julgado hoje virtude máxima, e máxima lucidez, qualquer pessoa, em suma, que ainda não esteja possessa pelo Sistema, já percebeu que vive dentro de uma decomposição civilizacional cuja característica principal é a de um furioso hedonismo.

Os trinta risos do moribundo

 

Estivesse eu em artigo de morte, como o religioso Padre Manuel Bernardes, teria trinta e não apenas três razões de rir-me apiedado dos que acaso cercassem com lágrimas o meu leito derradeiro. E não precisaria para tais tristes risos invocar as mais altas alegrias da Esperança divina, nem lembrar-me dos grandes místicos que souberam dizer “muero por que no muero”. Poderia rir-me a primeira vez, a segunda, a terceira, a quarta, a décima, e talvez mais, em sinal de agradecimento pelas largas e claras alegrias idas e vividas, mas ainda retidas na lembrança, sim, em sinal de agradecimento, pelo mundo que ainda alcancei, pela água não clorada que bebi, pelo ar virginal que ainda cheguei a tempo de sorver e por muito mais coisas no céu, na terra e no mar, cujos merecidíssimos elogios não caberiam em todos os livros que em vão se escrevem para dizer mal das coisas boas, ou dizer bem das coisas más. Em vão chamaria mais papel, meu tão certo secretário de queixumes que sempre ando fazendo, porque todo o papel do mundo seria pouco para conter o extenso ou mesmo resumido o mérito do mundo. Como poderia eu exprimir as claras manhãs em que a gente acorda feliz sem nenhuma razão a não ser a razão essencial de estar, de ser, de acordar, de viver? Como poderia eu exprimir o prazer castíssimo dos músculos que vivem a dançar de alegria na cercadura dos corpos moços? E como exprimir a quase interminável mocidade que tanto tempo se alongou? Em que capítulo contaria o gosto que dão as gotas d’água que correm pela pele, e o gosto mais fino que dão as estrelas, gotas do céu, que correm pelos olhos como que no sentido inverso do correr das lágrimas? E a alegria calma e profunda das longas conversas amigas, como poderia contá-las sem transformá-las em penoso sentimento de perdê-las. Rindo-me num breve riso de despedida agradecida posso evocá-las sem contá-las e sem perdê-las. E nestas considerações já dou conta dos dez primeiros risos.

A pátria

A idéia de pátria e a correlata de patriotismo vêm sendo sabotadas, há séculos, pelas correntes históricas que nas últimas décadas formam o enorme estuário de equívocos que constituem o néctar, o uísque escocês dos “intelectuais” das chamadas esquerdas.

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