I
Resumo do Curso
“Doutrinas Filosóficas e Sistemas Políticos”
1o A filosofia não deve ser negligenciada pelos estudantes do Instituto.
Antes de tudo, para sua formação pessoal – motivo frente ao qual, graças a Deus, nem todos são insensíveis... Sem reflexões filosóficas, descambamos ou para fantasias retóricas, ou para a barbárie tecnicista (v. “A Ilha”, de A. Huxley). Em segundo lugar (falo como utilitarista), os que desejam se preparar para o E.N.A. devem saber que, muitas das vezes, os debates com a banca tomam um caráter filosófico. (Eis porque se introduz, ao 4o ano, o ensino dessa matéria).
Mais particularmente, existe uma filosofia política, de importância considerável: Platão, Rousseau, Hegel, Marx, Sartre, Raymond Aron etc.
2o Algumas noções fundamentais para se compreender as grandes doutrinas. A sua variância não deve esconder as constantes, as grandes linhas mestras.
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a) A distinção entre a atitude realista e a idealista, no sentido preciso que essas palavras possuem em filosofia (v. um bom manual de filosofia, ou um vocabulário como o de Lalande). Isso respeita à teoria do conhecimento e à metafísica, mas existe uma aplicação política: alguns autores consideram a sociedade, antes do mais, como um fato, um dado, que podemos certamente aperfeiçoar, mas que primeiramente devemos tomá-lo tal como é (Aristóteles, Montesquieu, Comte, Marx, Maurras): é o realismo político. Outros pouco se ocupam do fato, se apegando a este apenas para realizar, a qualquer preço, um ideal estabelecido a priori (Rousseau, Brunschwig, Jaurès): é o idealismo político.
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b) Relações entre moral e política.
A propósito, são possíveis três condutas:
- Proibimos a moral de se ocupar de política (seja porque não cremos na moral, seja porque a acantonamos na conduta individual). Esse é o maquiavelismo, idéia e prática muito difundida;
- Ou incorporamos de tal modo a moral à política, que aquela venha a ser um braço desta (espécie de moral cívica). É o “moralismo político”. Ex.: Brunetière, Marc Sangnier e “Le Sillon” e, numa certa medida, a escola de Maritain;
- Ou admitimos que a política contenha um aspecto técnico irredutível à moral, que ela não é idêntica a esta última nem quanto ao fim, nem quando aos meios (contra o moralismo); mas que está estritamente subordinada às exigências morais de seu uso e realizações (tal como a medicina). É a atitude de alguns pensadores, da qual voltaremos a falar em várias lições.