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O Globo, 17 de Agosto de 1968.

"Com o auditório do Ministério da Educação lotado, foi lançada ontem "Permanência", revista mensal de católicos leigos que será porta-voz do movimento pelo mesmo nome liderado pelo escritor Gustavo Corção. (...)". 

 

LANÇADA "PERMANÊNCIA", A REVISTA DE UNIÃO CATÓLICA

  
Com o auditório do Ministério da Educação lotado, foi lançada ontem "Permanência", revista mensal de católicos leigos que será porta-voz do movimento pelo mesmo nome liderado pelo escritor Gustavo Corção.
 
Disse o sr. Gustavo Corção que, na verdade, o movimento já existia na atividade de cada um dos presentes àquele ato, os quais, só agora, diante do desafio a que está submetida a Igreja, resolveram unir-se para esse congraçamento.
 
Hora da Verdade
 
Referindo-se aos presentes como "católicos permanentes" — que definiu como os que querem ser católicos realmente — disse Corção que era hora de dizer verdades. E começou citando o que chamou de "esquemas falsos" que existem por aí. Afirmou que um desses esquemas é a divisão da Igreja em duas alas, uma progressista e outra conservadora. Essa divisão, acentuou, é falsa. O que acontece é que existem as coisas que precisam ser conservadas e aquelas que devem ser olhadas pelo lado progressista.
 
"O que impugnamos na chamada ala progressista — prosseguiu — é que ela quer um progresso na direção errada."
 
Muito aplaudido, o orador citou "outro truque muito em moda" e que é tão falso quanto o primeiro: a divisão em esquerda e direita. Essa divisão só serve para mistificação, disse. "O que existe é os que querem ser católicos e os que não querem nada. Daí a necessidade de usarmos o adjetivo "permanente" para designar a espécie de católicos que somos".
 
Ressurreição
 
Falou também a sra. Aíla Gomes, salientando que o movimento "Permanência" não está nascendo agora. "É apenas uma nova fase, pois já vem de longa data".
 
O professor Gladstone Chaves de Melo encerrou a solenidade, sob aplausos da grande assistência. Disse que a reunião de tantos velhos amigos trazia uma espécie de sentimento de ressurreição. Mas frisou não se tratar de uma ressurreição, mas sim de uma continuação. É um dizer "presente", acrescentou. "Já não vivemos as horas mais amargas. Já surgem palavras de definição, de conforto", disse. E citou que, outro dia, foi procurado por uma amiga, que se queixou de que ia tudo mal; ninguém reagindo mais a tanta coisa grave que estava acontecendo. Disse-lhe o professor que o que havia era a falta de congraçamento, para que os católicos se encontrassem.
 
O primeiro número da revista "Permanência" sairá em setembro, com artigos de Gustavo Corção, Gladstone Chaves de Melo, Alfredo Lage, Alair O. Gomes, Lenildo Tabosa e Helena Ferraz Rodrigues. O escritor Gustavo Corção faz um apelo aos católicos para que façam assinatura da revista "porque os recursos são poucos".
 
O auditório do MEC estava lotado, com presença de padres, freiras, estudantes, muitos militares, muitas senhoras e gente do povo. Ao final, a Sra. Helena de Albuquerque, esposa do Ministro do Interior, cumprimentou o escritor Gustavo Corção, em seu nome e no do marido.
 
(O Globo, 17 de Agosto de 1968)
 

 

 

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