Espiritualidade (180)
Não há passagem da vida de Nosso Senhor que não seja de profundidade imensa e que não proponha à meditação matéria inesgotável. Tudo que lhe diz respeito é infinito; e o que à primeira vista divisamos não é mais que a superfície do que começa na eternidade e na eternidade acaba. Seria pois temerário, para quem não é santo nem doutor, querer comentar os seus atos e as suas palavras a não ser por via da meditação. Mas a meditação e a oração mental são tão necessárias aos que desejam alimentar em si a fé e o amor verdadeiros, que nos será sem dúvida permitido, caros irmãos, deter aqui nossa atenção, e, tomando por guia os santos que nos precederam na tarefa, discorrer sobre temas que na verdade mais convidam à adoração do que ao exame.
A Missa
Faltam luzes acerca da missa, a não raro a educação sobre esse mistério de amor é incompleta. Compreender o mistério de fé do altar é mercê altíssima. Que regozijo, ainda que em penumbra!
Deve-se basear a piedade na doutrina; caso contrário, é piedade sentimental, piedade de poeta. Não são as flores o essencial, mas o altar. Quando não há altar, onde pondes as flores? Se não há um fundo de doutrina, sobre que apoiareis a piedade?...
Veni, Sancte Spiritus. Venha o Paráclito com suas luzes! Glória ao Pai, pelos incomparáveis dons que nos dera! Glória ao Filho, pelo mistério da Sexta-Feira Santa! Glória ao Paráclito, que nos ensinara a erigir o altar para imolar o Cordeiro sem mancha à glória da Trindade. Per Christum Dominum nostrum, pontífice, mediador e hóstia.
[O texto que se vai ler é um resumo feito pelos monges de Sept-Fons, mosteiro trapista, das conferências do padre Mateo Crawley-Boevey, o ardente apóstolo do Sagrado Coração de Jesus. O estilo tão narrativo e direto da transcrição não impede o texto de aumentar nossa devoção pelo Rei de amor]
Esta questão, colocada pelo reverendo padre Mateo, já havia sido formulada nos corações de muitos de nós, ou melhor, nos corações de todos nós. É possível ouvir as maravilhas realizadas por toda a parte pela obra da intronização do Sagrado Coração sem desejar de algum modo contribuir com ela? Mas, como fazer, nós, religiosos contemplativos, que não temos mais relação alguma com o mundo exterior?
O progresso espiritual é antes de tudo o progresso da caridade, que inspira e anima as outras virtudes – cujos atos se tornam meritórios –, de forma tal que as virtudes infusas, que são conexas da caridade, se desenvolvem na proporção daquele progresso, como na criança crescem ao mesmo tempo os dedos da mão.
Convém saber o porquê e o como do desenvolvimento constante da caridade em Maria e o ritmo dessa progressão. O método que seguimos nos obriga a insistir nos princípios que remetem à firmeza e à elevação da Mãe de Deus, de molde a em seguida aplicá-los com segurança à sua vida.
A gravidade dos acontecimentos atuais, em particular os que acabam de ocorrer na Espanha, mostram que as almas fiéis devem, cada vez mais, recorrer a Deus pelos grandes mediadores que Ele nos deu por causa de nossa fraqueza.
Quando se observa atentamente a condição em que se encontram as almas, fica-se impressionado com a fraqueza, para não dizer coisa pior, com a fraqueza de suas orações. Reza-se pouco, reza-se mal, ou não se reza nada.
A maior parte dos homens não reza, o que é evidente; muitos cristãos rezam mal, seja porque o fazem ou sem fé, ou sem estar entendendo o que fazem, ou sem desejar receber qualquer coisa de Deus.
E mesmo os que rezam, rezam muito pouco.
Parece-nos, pois, que o somatório das orações está longe, muito longe, de corresponder à soma das necessidades; e apenas isto basta para que compreendamos porque vemos ininterruptamente o bem se debilitar e o mal crescer.
INTRODUÇÃO
Em nossa extrema miséria, os membros da PERMANÊNCIA procuramos durante muitos anos conservar algum tipo de reunião que nos aproximasse um dos outros em razão do amor a Nosso Senhor, para que, de algum modo, encontrássemos um ambiente em que se falasse de Deus e para Ele se voltassem nossos esforços.
Nós sabemos bem distinguir, e não confundimos de modo algum, o heroísmo dos santos e o do soldado. (...) Sim, nós distinguimos sem dificuldade os dois heroísmos e jamais identificamos o grito do herói tombado por uma “pátria carnal” com o cântico do santo que expira consumido pela caridade divina. Sabemos perfeitamente que as últimas palavras de Joana, agonizante, exprimem, acima de tudo, o heroísmo da santidade, e suas palavras só puderam ser aquelas porque, na sua alma, o heroísmo do chefe guerreiro estava iluminado, transformado pelo heroísmo da “Pucelle”, “filha de Deus”.
A nossa circular aos assinantes de PERMANÊNCIA valeu-nos uma porção de cartas e listas de assinaturas, pedindo ao Papa a recuperação da missa que a Igreja sempre celebrou. Estas cartas foram enviadas a Roma apesar de sua insignificância e do pouco que podem pesar, para influir no curso dos acontecimentos.
[Nota de Dom Lourenço] Recebi esta entrevista do Padre Pio e não pude deixar de publicá-la, tamanha a grandeza do que ele viveu nessas missas que se tornaram famosas em todo o mundo. Que nossos fiéis e leitores amigos possam tirar dessas palavras um caminho para melhor assistir a sua missa. Queria acrescentar aqui um pequeno comentário: Onde fica, depois de se ler esta pungente entrevista, a missa alegrinha dos carismáticos? Que distância entre esta descrição de um verdadeiro Sacrifício realizado no altar, e os shows mundanos, sentimentais e mediáticos dessa nova religião de Vaticano II.