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Category: No. 002 - fevereiro de 1993Conteúdo sindicalizado

A devoção ao Menino Jesus

Agosto 10, 2018 escrito por admin

As Origens

Historicamente, esta "devoção" propriamente dita foi precedida pela adoração: os primeiros adoradores de Jesus menino serão Maria, José, os pastores, Simeão e Ana, os magos etc, enquanto que dois Evangelistas -- Mateus cap. 1 e 2 e Lucas cap. 2 -- insistirão sobre esta infância.

Santa Catarina de Alexandria, São Jerônimo foram favorecidos por suas aparições: conhece-se também a familiaridade de Santo Antônio de Pádua com relação ao Divino Infante.

Santo Ambrósio insistirá sobre o vínculo pessoal do resgatado com o menino do presépio: "Sou eu que me aproveito dessas lágrimas de menino chorando".

Santo Agostinho retoma o tema do presépio, figura da Eucaristia, convidando os cristãos a meditar sobre o canto dos anjos em Belém.

São Leão, em suas pregações para o Natal e a Epifania, parece ser um dos primeiros a estabelecer um liame entre a infância de Jesus e o espírito de infância.

São Bernardo, que teria tido em sua juventude uma visão da Natividade, aproveitar-se-á de toda ocasião para celebrar, nas suas homilias, o Menino Jesus: ele trata com pormenores dos seus traços e lições: doçura, bondade, paciência, humildade, pobreza etc.

Na Itália, Francisco de Assis será uma das testemunhas mais ilustres desta devoção. São Boaventura, estendendo-se sobre os mistérios da Infância dá a respeito dela "uma interpretação alegórica que permite calcar sobre a infância de Cristo as atitudes de uma ascensão espiritual".

Desde os começos da ordem franciscana, místicos recebem seus favores: o Menino Jesus deixou-se tomar, levar, abraçar...

Nos séculos XIII e XIV os autores espirituais propõem obras populares baseadas nos relatos da Infância, e Meditações onde a Infância quer suscitar tanto fervor quanto a Paixão.

Santo Inácio, nos seus Exercícios espirituais, dará grande realce a este tema de meditação.

 

Desenvolvimento de uma Piedade Popular nos Séculos XV e XVI

Ela se manifesta por representações da Natividade, na Itália, e do Menino sozinho, principalmente nos países germânicos. Na Inglaterra, abre-se o colégio São Paulo sob a proteção de um "Menino Jesus docente", nos Paises Baixos, poemas e orações celebram, com muita ternura, "o meninozinho"

 

As Estatuetas do Menino Jesus

A piedade popular vai também se manifestar  em torno desta forma de representação do Menino Jesus: algumas destas se revelarão miraculosas, elas ocuparão em breve um lugar privilegiado na devoção à Infância.

O Jesus-kind de Altenhohenhau, o de Fismoos na Áustria, o Bambino de Ara Coeli de Roma, são objeto de veneração popular.

Santa Teresa d´Ávila que propaga o uso das estatuetas, segurava nos seus braços uma representação do Menino Jesus.

O venerável Francisco do Menino Jesus (+ 1604), carmelita, recorria "em tudo que fazia ao Menino" representado por uma pequena estátua.

 

Evolução da Devoção no Século XVII

O cardeal de Bérulle (+ 1629) desempenhará um papel importante no desenvolvimento desta devoção.

Tendo encontrado na Espanha, entre os protagonistas da devoção, Francisco do Menino Jesus, é depois da introdução na França da reforma teresiana, que Bérulle fará da Infância do Verbo Encarnado um tema freqüente de seu ensinamento. A difusão de sua influência é assegurada pelos Carmelos e pelo Oratório.

Formadas por suas mães espanholas, as carmelitas francesas vão dar à devoção o seu impulso definitivo.

Em Paris, desde 1605, se possui uma estátua do Menino Jesus enviada pelo Geral das carmelitas da Espanha à bem-aventurada Ana de São Bartolomeu, favorecida com visões de Jesus Infante.

O carmelo de Beaune dará um impulso decisivo à devoção com Margarida do Santo Sacramento (1619-1648). Ela viverá em "familiaridade" com o Menino Jesus que se manifesta a ela sob os traços de um menino de alguns meses, enfaixado segundo o costume da época.

Ela recebe do "Pequeno Rei" a missão de atrair sobre o reino da França a proteção do Menino Jesus, honrando-o com uma nova devoção e cria para este fim, em 1636, uma Associação cujo impulso será favorecido pelas circunstâncias: país ameaçado pela invasão (1636), nascimento de Luís XIV (1638) considerada como uma graça nacional devida ao poder do Menino Jesus.

A irradiação da devoção de Beaune será multiplicada pelos Oratorianos, que criam uma confraria em Paris, rapidamente propagada no interior e da qual um dos mais ativos auxiliares será o Barão de Penty (+ 1649) que, tendo conhecido Margarida de Beaune, dará ao mosteiro a célebre estatueta do "Rei da Graça" que aí se continua a venerar hoje.

A doçura e a graça do "Pequeno Rei" de Beaune são particularmente comoventes.

Tipicamente carmelitana em suas origens, esta devoção, entretanto não foi monopolizada por esta Ordem.

Entre os Dominicanos distingue-se o nome de dezenas de religiosas que têm uma devoção especial ao Menino Jesus e várias dentre elas, na Espanha, Itália e França, serão favorecidas com aparições.

Entre as Visitadinas -- cujo fundador, São Francisco de Sales, encontrava no Menino do Presépio um modelo de vida religiosa -- Ana Margarida Clemente (+ 1661) estabelece uma associação idêntica a de Beaune.

As diretivas espirituais da congregação das Ursulinas francesas recomendarão a união ao Menino Jesus...

Falta-nos espaço para citar todos os religiosos e religiosas em cuja biografia se fala de uma particular devoção ao Menino Jesus, ou que foram favorecidos com suas aparições.

 

O Menino Jesus de Praga

Quando o protestantismo devastava a Europa, os príncipes que tinham traído a causa do Santo Império se coligavam contra Fernando II e ameaçavam particularmente Praga e a Boêmia católica, cujo príncipe eleitor calvinista, Frederico do Palatinado, se havia feito coroar como rei.

O Imperador Fernando II, já gravemente atacado pelos príncipes protestantes da Alemanha e da Suécia, obteve em 1620, do Papa Paulo V, o envio do Padre Domingos de Jesus Maria, terceiro Geral dos Carmelitas descalços, instalados em Roma desde 1620.

A 20 de junho de 1620, o padre chegava à Alemanha com outros dois carmelitas. Sua presença fez renascer a confiança e a esperança nos exércitos católicos que ele acompanhava e cuja vitória sobre os hereges ele predisse desde 20 de julho.

Ao visitar na Boêmia o castelo de Starkonitz, devastado pelos protestantes, o Padre Domingos aí descobriu na lama de um subterrâneo um quadro no qual a Virgem e todos os personagens -- salvo o Menino Jesus -- tinham tido os olhos furados pelos profanadores heréticos.

Ele fez o voto de restabelecer o culto desta imagem, que levava consigo no domingo, 8 de novembro de 1620, durante a batalha da Montanha Branca, onde as tropas calvinistas, apesar de sua superioridade esmagadora em número, foram dispersas e vencidas pelo exército católico.

Este quadro se conservou depois em Roma, na igreja de Santa Maria da Vitória.

Em reconhecimento por esta vitória, o Imperador, de acordo com seu aliado, o Duque Maximiliano da Baviera, fundou em 1622 os conventos de Viena e depois os de Praga e de Gratz.

Em Praga, o Imperador e o conselho municipal adquirem um antigo templo protestante e suas dependências, que ofereceram ao Padre Domingos para aí fundar o convento; a 8 de setembro de 1624, consagrada com o título de Nossa Senhora da Vitória, esta igreja iria tornar-se o centro da irradiação da devoção ao "Menino Jesus de Praga".

 

Doação da Estátua aos Carmelitas de Praga

A situação material era todavia difícil para os Carmelitas de Praga, reduzidos às esmolas dos benfeitores; para aliviá-la, o Padre João Luís da Assunção, Prior, penetrado da devoção carmelitana ao Menino Jesus, recebeu do Senhor a inspiração de lhe desenvolver o culto e ordenou ao seu imediato, o Padre Cipriano de Santa Maria, procurar uma estatueta do Menino Jesus que seria instalada no oratório.

É então que a princesa Polyxèna de Lobkowitz, que Fernando II havia feito recuperar a posse de seus bens confiscados pelos protestantes, oferece em 1628 uma estatueta do Menino Jesus ao Prior. Segundo a tradição, é a mãe de Polyxèna, Maria Manriquez de Lara, nascida princesa Pignatelli, que havia trazido esta estatueta miraculosa da Espanha e lha tinha ofertado como presente de núpcias.

De cera, com 48 centímetros de altura, ela representa o Menino Jesus de pé, com a mão direita levantada para abençoar e com a esquerda trazendo um globo. A expressão do rosto é de uma comovente doçura.

Ao remetê-la ao Prior, Polyxèna lhe disse: "Eu vos confio o que tenho de mais caro. Honrai esta imagem e de nada tereis falta." Em breve seguiram-se numerosos benefícios materiais para os Carmelitas de Praga; um dos quais, o Padre Cirilo da Mão-de-Deus, se tinha tornado apóstolo da devoção ao Menino Jesus.

 

Profanação e Esquecimento

Alguns anos após, a Boêmia tornou a ser o teatro da guerra, e os Carmelitas transferiram o noviciado para Munique;  a devoção caiu no esquecimento e os Carmelitas foram oprimidos por provações.

Um exército protestante de 18.000 homens abateu-se sobre a Boêmia onde Praga, que não tinha senão 500 homens para se defender, recaiu sob o jugo dos hereges; 80 ministros protestantes instalaram-se nas igrejas e a de Santa Maria foi pilhada, a estatueta do Menino Jesus jogada entre os destroços, atrás do altar.

Todavia, em maio de 1632, Fernando II recrutou um novo exército que expulsou os saxões de Praga: os Carmelitas estabeleceram-se novamente em seu convento, mas ninguém se preocupou com a preciosa estátua.

Ao flagelo da guerra sucedeu o de uma terrível epidemia da qual o Padre Prior foi uma das vítimas, e a miséria reinava no Carmelo, enquanto que o inimigo de novo ameaçava Praga.

 

Reparação

Tal era a situação quando, em 1637, o Padre Cirilo foi chamado de volta a Praga. Ele encontrou a estatueta danificada, cujas mãos haviam desaparecido, e a expôs novamente no coro à veneração dos fiéis. O Menino Jesus, que tinha abandonado o convento enquanto era deixado no esquecimento, manifestou de novo o seu poder: o cerco de Praga foi levantado ao mesmo tempo que a comunidade dos Carmelitas se achava provida do mínimo necessário.

Ora, durante uma oração diante da estatueta mutilada, o Padre Cirilo ouviu distintamente estas palavras: "Tende piedade de mim e eu terei piedade de vós. Restitui-me as minhas mãos e eu vos restituirei a paz... quanto mais me honrardes, tanto mais eu vos favorecerei..."

Preocupado com reunir os fundos necessários à restauração da estatueta, Padre Cirilo se chocava com a indiferença de seu Prior até o momento em que o Menino Jesus lhe falou de novo: "Colocai-me à entrada da sacristia e encontrareis alguém que terá piedade de mim."

É então que um estrangeiro, Daniel Wolf, se apresentou e pediu aos Padres que lhe confiassem a estátua, que ele reparou às suas custas.

Seguiram-se várias peripécias verdadeiramente sobrenaturais: Daniel Wolf, que havia perdido a sua posição e a sua fortuna, recuperou uma e outra, e depois, atacado por uma grave doença, fez voto de mandar construir um altar para a estatueta e foi atendido com a sua cura.

 

Proteção Particular do Divino Infante

Por volta de 1642, ajudado por donativos e concursos providenciais, o Padre Cirilo viu chegar o momento de pedir ao seu Prior a construção, no recinto do mosteiro, de uma capela destinada ao Menino Jesus e cujo local precioso lhe havia sido indicado pela própria Santíssima Virgem.

A 14 de janeiro de 1644, na festa do Santo Nome de Jesus, o Prior celebrava aí a primeira Missa e a 3 de maio de 1648, o Cardeal Arcebispo de Praga a consagrava oficialmente.

A estátua miraculosa foi aí conservada até 1741: entrementes, a devoção popular tinha tomado um tal desenvolvimento que a capela se revelava demasiado pequena e, a 14 de janeiro de 1741, a estatueta foi instalada solenemente na própria igreja, à direita do altar central, no seu lugar atual.

Não nos é possível, no plano deste curto artigo, relatar mesmo sumariamente a longa crônica dos acontecimentos que se seguirão, caracterizada por uma alternância de favores particulares concedidos aos que conservaram esta devoção (seja a título individual: curas etc. ou coletivo: proteção de cidades por ocasião de conflitos ou epidemias) e de provações sofridas pelos que a abandonaram.

 

Declínio da Devoção em Praga no Fim do Século XVIII

Restauração da Igreja

O fiel que visita em 1993 a igreja de Santa Maria da Vitória se espanta por não ver aí mais que uma ou duas dezenas de ex-votos.

No fim do século passado, sob a influência das ordenações do Imperador da Alemanha José II -- o "déspota esclarecido" -- que quis reformar a igreja -- uma vaga de iconoclastia varreu das igrejas os quadros e imagens, enquanto que um grande número de casas religiosas e de conventos eram suspensos.

Em julho de 1794 os Carmelitas foram desapossados de Santa Maria da Vitória ao passo que os objetos de valor ou os ex-votos, que ornavam, foram confiscados, vendidos ou roubados.

A Igreja tornou-se paroquial, servida pelos sacerdotes da Ordem de Malta.

É em 1848 que ela foi restaurada, assim como o belíssimo altar do Menino Jesus que se vê hoje ali, na parte direita da nave.

Fazendo-lhe exatamente face, à direita da nave, se eleva o altar da Virgem, sobre o qual está colocado um quadro da Virgem em oração, ilustrado por um fato miraculoso.

Por ocasião de perturbações, um velho soldado deu um tiro de arcabuz neste quadro, que o projétil furou no lugar do coração de Nossa Senhora: o sangue correu então pelo orifício, para espanto do soldado sacrílego, do qual a tradição diz que foi imediatamente confessar-se e se converteu...

Ulteriormente, o religioso encarregado da igreja declarou: "Convém que a Mãe se torne a unir com o seu Filho" e fez instalar este quadro no seu lugar atual.

Até uma data recente, dois quadros colocados de uma parte e de outra representavam o episódio do velho soldado. Infelizmente, eles foram roubados.

 

Extensão da Devoção do Menino Jesus de Praga na Europa

Limitar-nos-emos a evocar rapidamente esta extensão na França, Bélgica e Itália.

 

Na França
O Carmelo de Meaux parece ter desempenhado um grande papel na propagação desta devoção na França: Madre Gertrudes de Jesus, sub-priora, recebeu em 1885 -- segundo a tradição oral do Carmelo -- o favor de ver andar na sua cela "um pequeno Jesus que não era como os outros".

Ela procurou por muito tempo uma imagem ou estátua representando o Menino com os traços com que Ele lhe tinha aparecido, até 31 de janeiro de 1886, quando descobriu o histórico do "Pequeno Grande" de Praga e aí reconheceu o "seu pequeno Jesus"...

A estátua tão desejada chegou a Meaux, presente anônimo, a 13 de abril de 1886, e foi solenemente erigida na capela exterior do mosteiro, a 13 de setembro de 1888, pelo Bispo da diocese.

Até a morte (1 de janeiro de 1905), a Madre Gertrudes de Jesus dedicou-se ativamente a promover o culto do "Divino Pequeno-Grande" na França e no mundo.

 

Na Bélgica
O Carmelo de Audenarde ter-se-ia adiantado a todos os outros: desde 1886 o Menino Jesus miraculoso de Praga tem um trono na capela e as religiosas distribuíram os primeiros santinhos e medalhas.

Em 1891, uma bruxelense, Gabriela Fontaine, inspirada por sua mãe, vai consagra sua existência ao que será sua profissão de fé: "levar a todos o conhecimento e o amor de Jesus Menino".

Mulher de fé e de energia, dotada de um senso particular de organização, seus esforços verão a sua coroação a 18 de outubro de 1906, na consagração da igreja do Santo Menino de Jesus, edificada por sua iniciativa, em Bruxelas.

No intervalo, G. Fontaine terá suscitado a criação da confraria da Santa Infância de Jesus, fundado uma revista, mandado fazer uma cópia da estatueta de Praga difundida em milhares de exemplares que se encontram em numerosíssimas igrejas e casas religiosas na França e alhures.

A igreja de Bruxelas foi, desde a origem, confiada à ordem dos Barnabitas e as centenas de "ex-voto" que ornam suas paredes testemunham as graças ali obtidas.

A julgar por estes testemunhos --  freqüentemente muito comoventes -- da devoção ao Menino Jesus , verifica-se que esta devoção tem nascimento no fim do último século [Santa Teresinha do Menino Jesus em particular teve uma devoção muito grande ao Menino Jesus], viu o seu apogeu entre 1905 e 1925, para estiolar-se logo em seguida.

 

Na Itália: O Santuário de Arenzano
Os Carmelitas descalços estabeleceram-se em Arenzano, pequena cidade situada a alguns quilômetros de Gênova, em 1889. Nesta época, o Santo Menino Jesus de Praga era quase desconhecido na Itália.

Em 1895, os Carmelitas de Milão obtém de seu Cardeal a permissão de introduzir em seu santuário uma estatueta do Menino Jesus de Praga.

Será o ponto de partida de uma devoção que se espalhará rapidamente pelo povo italiano, através dos Carmelos, favorecendo sempre o desenvolvimento da espiritualidade carmelitana.

Em 1900, o Prior de Arenzano instala um pequeno quadro representando o Menino na capela do seu convento e, desde o ano seguinte, em conseqüência das graças recebidas pelos fiéis que ali vinham rezar, a afluência surpreende os Padres que decidem substituir o quadro por uma estatueta.

A marquesa Delfina Gavotti de Savona lhes oferece então uma cópia do original de Praga, a qual será substituída pela estátua (de madeira, um pouco maior que o original, mas que é sua exata reprodução) atualmente venerada.

A afluência aumenta -- assim como as graças obtidas, confirmando a promessa feita ao Padre Cirilo: "Tanto mais vós me honrardes, tanto mais eu vos favorecerei" -- e, patenteando-se demasiado pequena a capela, decidiu-se a construção de um santuário.

A primeira pedra da imponente basílica será posta a 16 de outubro de 1904 e a benção solene do edifício realizar-se-á quatro anos mais tarde. O local sobre o qual ele está construído torna esta visita particularmente atraente.

Uma confraria do Santo Menino Jesus de Praga, chamada "pia união", foi ali erigida: conta com um grande número de adeptos e publica um periódico.

A festa principal de Arenzano se realiza no primeiro domingo de setembro, aniversário da abertura do santuário.

 

Conclusão

A história desta devoção, cujas linhas gerais acabamos de traçar, mostra que ela é ao mesmo tempo teologicamente fundada, uma prática antiga e sobrenaturalmente fecunda.

Fecunda: insistiremos neste ponto. Como todas as orações de petição, as preces endereçadas ao Menino Jesus não obtém sempre -- na aparência e literalmente -- as graças pedidas.

Mas nossa curta vista nos dissimula freqüentemente esta realidade: Deus -- e aqui o Menino Jesus -- sabe melhor do que nós o que nos é necessário... E quantas vezes a alma, a princípio decepcionada, e até entristecida por não ter obtido a graça, a cura, o favor pedido, descobre com o tempo que, enfim, ela recebeu muito mais!

No caso particular da devoção e do recurso ao Menino Jesus serão os frutos do "espírito de infância": doçura, paciência, humildade, esquecimento de si...

Resta dizer que, se o Menino Jesus ainda é honrado em algumas casas religiosas e famílias, o é por exceção: é forçoso verificar que esta devoção é praticamente ignorada do maior número de católicos, mesmo os mais fiéis...

Basta visitar as capelas de Bruxelas, de Beaune ou de Praga -- quase permanentemente desertas -- para se dar conta disso! Mas retorquir-nos-ão, não acontece o mesmo com a maior parte das nossas igrejas onde, aí sim, a Presença Eucarística é bem Real?

Certamente. Mas se esta Presença é igualmente Real no tabernáculo de cada um de seus santuários, o coração de um cristão se ressente mais afetivamente desta solidão quando ela se manifesta -- além disso -- em torno da comovedora imagem do Menino Deus -- seja a da criancinha enfaixada de Beaune ou a do "Pequeno-Grande" de Praga...

Os que tiveram a graça de conduzir seus filhos ou netos a um destes santuários e de observar as reações deles, compreenderão melhor o que quereríamos dizer aqui.

Assim convém favorecer novamente esta devoção em nossas famílias, lembrando-nos da promessa do Menino Jesus: "Quanto mais me honrardes, tanto mais vos favorecerei".

 

 

(Revista SIM SIM NÃO NÃO n° 2 ― Fevereiro de 1993)

 

 
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