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Como conciliar a justiça divina com o fato de crianças não batizadas não poderem ir ao Céu?

Pergunta:  Crianças que morrem sem ser batizadas não podem ir para o Céu, mas, ainda assim, elas não fizeram nada de errado, e não é culpa delas que elas não tenham sido batizadas. Como isso pode ser reconciliado com a justiça divina?

Resposta:  Não há nenhuma afirmação direta nas Escritura sobre o destino das crianças que morrem sem o batismo. O texto de Mt 19,14 (também o de Mc 10,14 e Lc 17,16), “Deixai os meninos e não os impeçais de vir a mim”, não se refere expressamente às crianças. Nessa passagem, Cristo apenas quer dizer que devemos ser simples como crianças para entrarmos no Reino de Deus.

Porém, há afirmações indiretas em textos bíblicos segundo as quais ninguém entrará no Céu sem renascer através do Batismo. E, portanto, sabemos que crianças não batizadas não poderão ir para o Céu. Aonde elas irão nós sabemos pelo ensinamento da Igreja, baseado na tradição e nos ensinamentos dos teólogos. As crianças não batizadas não vão para o inferno porque elas não cometeram pecados pessoais, e ninguém será condenado sem ter cometido pecados pessoais. O pecado original com que essas crianças estão infectadas não é um pecado pessoal delas, mas um “pecado natural”. O lugar aonde elas irão nós chamamos de limbo ou limbus. Podemos compará-lo com o lugar onde os patriarcas antes de Cristo aguardavam até que o Céu fosse aberto a eles. Mas não sabemos onde fica esse lugar. No limbo, de acordo com os ensinamentos dos teólogos, essas crianças desfrutam uma felicidade natural.

A privação dessas crianças da visão beatífica de Deus não lhes causa tristeza ou sofrimento algum. Pois ou elas não sabem que essa felicidade foi dada a outros, ou, se Deus lhes revelou (o que nós não podemos afirmar), elas conseguem compreender que essa felicidade é um dom inteiramente gratuito de Deus sobre o qual ninguém pode reivindicar um direito.

Portanto, o destino delas não é contrário à justiça divina. Elas não sentem falta de nada: elas são felizes e não sofrem mal algum. Embora essas crianças sejam privadas de algo que foi dado a outros, isto é, a visão beatífica, trata-se de algo a que elas não têm um direito, pois se trata de um dom sobrenatural. E, assim, se as crianças não batizadas souberem alguma coisa sobre esse dom, elas se alegram com a felicidade dos outros.

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