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O sepultamento, um rito desejado por Nosso Senhor

Pe. Olivier Parent du Châtelet - FSSPX

Atualmente, costuma-se falar em favor da cremação ― ou incineração ― do corpo dos defuntos. Contudo, a Igreja sempre se opôs mui firmemente a essa prática. Por quê? Agora que a Igreja modernista já não é tão firme neste assunto, o que devemos pensar?

 

A mentalidade da Igreja


Para nós, católicos, o primeiro reflexo deve ser a consulta ao ensinamento e à disciplina da Igreja. Ora, ela se pronunciou com precisão e firmeza sobre esse assunto, o que demonstra que ela atribui a ele uma importância real.

Leão XIII estabeleceu uma lei em 15 de dezembro de 1886: “Se alguém fez um pedido público de cremação e morreu sem se retratar desse ato culpável, é defeso conceder-lhe funeral e enterro eclesiásticos.”

O Código de Direito Canônico de 1917 reproduz essa lei e especifica: “Se alguém prescreveu que seu corpo seja entregue à cremação, não se poderá executar sua vontade. Se ela constar de um contrato, testamento ou qualquer outro ato, deve ser tida por não escrita.” (Cânon 1203, 2).

A cremação é um ato humano e, como todo ato humano, é governada por princípios, segue leis; é uma maneira de tratar o término da vida humana que molda costumes e mentalidades. De fato, há um estreito vínculo entre o culto dos mortos, a maneira de enterrá-los, os ritos funerários, e as idéias filosóficas e religiosas que estão por detrás. Os homens não agiram por acaso, e a história desses ritos, mesmo entre os pagãos, é reveladora.

 

História


Antiguidade greco-romana

Se recuarmos o máximo possível no tempo, veremos que as gerações antigas “encaravam a morte, não como dissolução do ser, mas como simples mudança de vida” (Fustel de Coulanges, La Cité antique). A alma permaneceria próxima dos homens e continuaria a viver sob a terra; ela permaneceria como que associada ao corpo. O melhor testemunho são os ritos fúnebres que atravessaram os séculos, mesmo à medida que mudavam as crenças.

Dizia-se ao morto: “Que fiques bem. Que a terra seja luz para ti.” Como o falecido continuava a viver, era preciso fornecer-lhe todo o necessário para a vida: roupas, vasos, armas, comida e bebida. Não só no dia do funeral, mas também em determinados dias do ano, trazia-se-lhe comida. Lucien de Samosate, em De luctu, explica: “um homem morto a quem nada se oferece está condenado à fome perpétua”. Essa prática ainda era observada entre os pagãos no início da era cristã.

Ademais, a alma continuava a viver, mas num lugar fixo; era preciso, portanto, que se cobrisse de terra o corpo ao qual ela permanecia ligada. A alma que não tinha um túmulo, não tinha morada: ficava errante, infeliz e, em geral, maléfica. A privação de alimentos tinha o mesmo efeito. Assim como a comida, o enterro era necessário para a sua felicidade. Pela mesma razão, havia de se cumprir todos os ritos prescritos e pronunciar as fórmulas determinadas.

Foi por isso que os atenienses puseram à morte os generais que, depois de uma vitória no mar, negligenciaram o dever de trazer os mortos de volta à terra firme para serem sepultados.

A privação de sepultura e demais cerimônias funerárias era um castigo que a lei impunha a crimes graves: infligia-se à alma um suplício como que eterno. É por isso que, na peça de Sófocles, Antígona prefere morrer a deixar de enterrar seu irmão, pois, diz ela, o enterro é uma lei dos deuses e homem nenhum tem o direito de transgredi-la.

À medida, entretanto, que evoluía o pensamento filosófico e religioso, o lugar dos mortos passou a ser uma região subterrânea, o Hades, onde as almas ficavam todas reunidas, e onde se distribuíam as penas e as recompensas. Já em Homero, nota-se que a existência após a morte se reduzia a uma imagem, uma sombra intangível, que todavia era o retrato físico e moral do falecido.

O ritual da cremação foi então introduzido para, segundo se pensava, acelerar a transição para esse estado evanescente da alma totalmente separada do corpo. A Ilíada e a Odisseia testemunham isso.

A mesma evolução se deu em Roma, especialmente no fim da República e sob o Império. Contudo, tal como observa Fustel de Coulanges, os ritos permaneciam inalterados (La Cité antique, p. 12).

Por outro lado, as almas dos mortos, que se chamavam Manes, recebiam um culto quase divino: “Prestai aos deuses-manes o que lhes é devido”, diz Cícero; “são homens que deixaram esta vida; tomai-os por seres divinos” (De Legibus II, 9). Eles tinham seu altar, e eram invocados em busca de socorro.

Outras religiões

Ter-se-á notado como os antigos costumes gregos e romanos são comparados àqueles, bem conhecidos, dos egípcios. Entre os japoneses, o xintoísmo tinha as mesmas práticas que os romanos, mas acentuava a dependência dos vivos para com os mortos: se um jovem homem estava para estudar na Europa, ia despedir-se de sus ancestrais mediante visita à sua tumba (Christus, p. 274). Os hindus tinham de início a mesma noção e as mesmas práticas que gregos e romanos. Esse culto aos mortos persistiu mesmo sob a religião de Brahma, e o redator do Código de Manu foi obrigado a levá-lo em conta, apesar das novas crenças, em particular a metempsicose (N. da P.: reencarnação), lhe fossem contrárias. Fustel de Coustanges observa: “Se é preciso muito tempo para que as crenças humanas se transformem, ainda mais é necessário para que mudem as leis e as práticas exteriores” (La Cité antique, p. 17).

Judeus e cristãos

Semitas, hebreus e cristãos sempre fizeram uso da inumação, devido à sua fé na imortalidade da alma e na ressurreição dos corpos. E se às vezes introduziu-se a cremação, foi sempre ligada a práticas idólatras: os pais queimavam vivos os seus filhos em honra aos deuses (cf. o rei Acaz, II Reis 16, 3). Mesmo nos primeiros séculos da Igreja, os católicos sempre preferiram o enterro dos corpos, ainda que cercada de dificuldades e perigos em razão das perseguições.

Assim, em Roma, sob a Basílica de São Pedro, encontram-se mausoléus pagãos que geralmente contêm urnas nas quais foram depositadas as cinzas dos mortos. Mas ao mesmo tempo, ao lado, estão as tumbas cristãs, nas quais os corpos dos católicos estão enterrados, e enterrados próximos ao corpo de São Pedro.

A Revolução e seus efeitos

Não foi até a Revolução Francesa que a incineração ressurgiu. Ainda assim, não logrou grande êxito. Foi só a partir da segunda metade do século XIX que começou a se impor e se espalhar, sob a ação da Maçonaria, através de sociedades para a propagação da cremação. E isso com um espírito materialista, utilitarista. As seguintes leituras bastarão para demonstrá-lo:

“Não encontrei nada mais simples do que colocar os corpos numa retorta de gás e destilá-los até que sejam reduzidos a cinzas, e acrescentaria que o gás proveniente dessa destilação bem poderia servir para a iluminação…” (Carta de M. X. Rulder ao Doutor Catte)

“Dado o número de mortes na cidade de Londres, poder-se-ia coletar ao cabo de cada ano, por meio de aparelhos crematórios, 200.000 libras de ossos humanos destinados a fertilizar o solo.” (H. Thompson ― ambas as citações são extraídas do artigo do DAFC, Dictionnaire apologétique de la foi catholique, sobre a cremação)

 

Dos ritos às convicções


Para além do caráter assaz grosseiro e inexato do culto aos mortos na Antiguidade greco-romana, essas práticas revelam dois pontos principais: a convicção na imortalidade da alma, bem como a consequente piedade filial.

A imortalidade da alma

Note-se que não se trata dos mistérios da fé sobre a natureza da vida após a morte, mas da realidade natural de que a alma é espiritual e, portanto, não pode morrer. Sobre este tema, fazemos nossa a conclusão de Fustel de Coulanges: “Talvez tenha sido à vista da morte que o homem teve pela primeira vez a noção do sobrenatural, e que quis esperar para além dos que os olhos veem. A morte foi o primeiro mistério. Ela elevou seus pensamentos do visível ao invisível, do efêmero ao eterno, do humano ao divino.” (La Cité antique, p. 20). Certamente, por si só, a morte do corpo leva a pensar na imortalidade da alma, mas esses são mistérios naturais dos quais Deus se serve para, com sua graça, ir levando os homens a considerar não somente o imortal, mas o sobrenatural.

Práticas cheias de piedade

Como o nome sugere (“culto” vem do latim colere, que significa “honrar” e que deu cultum, que significa “honra”), damos honra àqueles de quem recebemos a vida, àqueles de quem somos devedores. Somos gratos a eles, sejam nossos pais pela vida e todos os benefícios que deles recebemos, os antigos pela sua sabedoria, os grandes homens por suas façanhas. É nesse sentido que os heróis e grandes homens eram elevados ao patamar de deuses. Os gregos e romanos não eram estúpidos a ponto de considerar deuses aqueles que haviam sofrido a morte; eles erguiam à dignidade dos deuses aqueles através dos quais recebiam tantas bênçãos. Essa piedade tem duas consequências. Por um lado, como a alma do defunto não desaparecia, os vivos continuavam ligados a ela e, portanto, deviam ajudá-la tanto quanto podiam. Por outro lado, o culto dos mortos é importante para os próprios vivos. Com efeito, se quem é honrado em vida pode tirar algum proveito dela, o mesmo não se diz de quem é recebe honrarias depois da morte. Mas os vivos, estes tiram certo proveito da honra que prestam aos mortos: é o reconhecimento e a gratidão de tudo o que receberam deles, quer dizer, uma certa humildade.

Templos do Espírito Santo

Para os cristãos se acrescenta uma terceira realidade, a saber, que o corpo do fiel defunto era templo do Espírito Santo. Assim como, na missa, o incenso, que não é devido senão a Deus, estende-se aos fiéis porque são templos do Espírito Santo; assim como os corpos dos santos, e particularmente dos mártires, são venerados por causa do que o Espírito Santo neles realizou; assim também os corpos de todos os cristãos. Existe, portanto, um vínculo estreito entre a prática e as crenças, entre a maneira de se despedir dos mortos e o que se pensa sobre a morte, entre o visível e o invisível.

Ímpios, materialistas e orgulhosos

Na medida em que as crenças e filosofias se modifiquem mais rapidamente que as práticas exteriores e os ritos, não se pode negar que a alteração de ritos exteriores acabará, a pouco e pouco, influenciando o modo de pensar de seus participantes. Foi o que perceberam os propagadores da incineração no século XIX. Dom Chollet (citado no artigo do DAFC), arcebispo de Cambrai, fez conhecer a seguinte circular dos franco-maçons:

“A Igreja Romana nos lançou um desafio ao condenar a cremação (…) Os franco-maçons devem empregar todos os meios para difundir o uso da cremação. A Igreja, ao proibir a incineração dos mortos, afirma seus direitos sobre os vivos e os mortos, sobre as consciências e os corpos, e busca conservar no vulgo as velhas crenças, hoje dissipadas à luz da ciência, relativas à alma espiritual e à vida futura.”

 

Todo um estado de espírito


É à luz do parágrafo anterior que devemos ler e compreender os argumentos que se seguem.

Rumo a uma vida renovada

Os antigos ritos fúnebres pagãos, que acima mencionamos, ou ainda as cerimônias católicas de inumação, nos mostram que a morte não é uma destruição definitiva e absoluta. Ademais, “cemitério” bem do grego e significa “dormitório”. No cemitério, as almas descansam, num sono muito particular, decerto, mas à espera de alguma coisa, ou de um despertar para uma nova vida. A incineração suprime o simbolismo dos ritos e do cemitério, e a verdade que de que são portadores. O corpo enterrado, de fato, é como um grão de fermento lançado na terra e que se decompõe: dele, pela misteriosa ação da onipotência divina, brotará a vida. Mas o corpo incinerado é como o grão cozido ou torrado, que jamais fará nascer uma nova vida. Queimado, dele já não há mais nada a esperar. Um corpo reduzido a cinzas não espera mais nada: a destruição parece definitiva. Não é indiferente a passagem do simbolismo expressivo das cerimônias católicas para o simbolismo negador da incineração. Ao longo de séculos, essas cerimônias modelaram a mentalidade humano sobre o além. Suprimi-las não é algo sem maiores consequências. A passagem de um simbolismo a outro modifica nossas ideias, orienta-as para a negação de toda a vida após a morte. O homem passa a ser visto como não mais que um punhado de matéria, uma partícula entre outras… É por isso que, com razão, os novos cemitérios se chamam “parques ou jardins de memória”, a memória de algo que passou para sempre, que nunca mais voltará: ali não se conserva outra presença senão apenas “no coração dos vivos”, e não uma vida real após a morte.

Sepultados com Jesus

São Paulo nos ensina, e a Igreja no-lo recorda na noite de Páscoa: com Jesus somos sepultados na morte e com ele ressuscitaremos. É o significado do batismo, que, como todo sacramento, é um sinal. Se o símbolo se perder, o sacramento também perderá gradualmente o seu valor.

Respeito

Os antigos ritos pagãos, e mais ainda as cerimônias católicas, demonstram um grande respeito para com o corpo do defunto. Esse respeito associado à inumação prossegue com o túmulo, devidamente ornamentado, junto ao qual se vai rezar. Esse respeito em relação ao corpo se reverte para o próprio defunto. Deve-se vê-o sob dois aspectos: o enterro é uma destruição oculta, tudo se passa no subsolo, põe-se um véu sobre a miséria da corrupção e do retorno ao pó; por outro lado, é progressiva, de acordo com as leis da natureza, que vêm de Deus e são boas em si mesmas. Pelo contrário, a cremação é visível pode-se assistir a ela e ver o resultado nas cinzas que são depois entregues: a realidade da destruição é cruelmente posta diante dos olhos; além disso, é brutal: é quase uma violência que o fogo faz ao corpo e, através do corpo, uma violência feita ao viúvo ou viúva, ao pai, ao filho, ao amigo.

Aceitação do castigo

Sabemos, pela fé católica, que a morte é um castigo infligido por Deus em razão do pecado: “Tu és pó e ao pó retornarás”. Deus dissera a Adão e Eva que, se desobedecessem, seriam punidos com a morte. O homem deve humildemente reconhecer que Deus é o senhor de todas as coisas, e se submeter a esta sentença: Deus, em sua sabedoria, impõe este castigo; o homem, em humildade e confiança, deve se submeter a esse retorno ao pó. Pela inumação, essa sentença é executada como Deus a quer: o homem sofre em seu corpo esse regresso ao pó. Às vezes, para honrar seus santos, Deus os livra dessa miséria: seus corpos permanecem incorruptos. Na cremação, ao contrário, o defunto ordena que seu corpo se torne, não pó, mas cinzas. É ele mesmo que se impõe tal destruição, não Deus. Ele já não se submete, mas ordena. Queira ou não, essa maneira de proceder faz pensar que o homem já não sofre a sentença de Deus: ele escapa à autoridade de Deus e ao dever de se submeter a ela.

Humildade ou soberba risível

 Como escreveu o franco-maçom citado acima, “a Igreja, ao proibir a incineração dos mortos, afirma seus direitos sobre os vivos e os mortos”. Mas o homem de hoje quer ser o mestre absoluto. Ele se arroga o direito de suprimir a vida mal iniciada, e de interromper a vida prestes a terminar. Da mesma forma, também cobiça o poder de destruir seu corpo a seu gosto. Quer ser senhor de si mesmo não só até a morte, mas até mesmo depois da morte. Todavia, não possuindo o poder de restaurar a vida, nem tampouco de impedir a destruição, não lhe resta outra saída, para demarcar seu pretenso poder, senão ir mais longe na destruição.

Cúmplices de quem?


Infelizmente, em 1963 as autoridades romanas permitiram a cremação sem realmente aprová-la (sempre essa ambiguidade dos documentos posteriores ao Concílio Vaticano II). As associações de cremação não cessam de espalhar a notícia. Isso foi inserido no novo Código de Direito Canônico, de 1983. Roma coloca algumas reservas: a cremação “não deve ser desejada como negação dos dogmas cristãos em um espírito sectário, por ódio à religião católica ou à Igreja”. Abre-se a porta, fingindo fechá-la. Onde está a falsidade de tal raciocínio? Ei-la: por meio dessa reserva, os modernistas se permitem crer que o único problema com a cremação é a possível negação dos dogmas cristãos (dogmas da vida eterna e da ressurreição dos corpos), enquanto que se trata de muito mais, como vimos. É toda uma riqueza de convicções e de práticas cristãs que a Igreja abandona com essa atitude, ao passo que, até então, ela as mantinha com o mais zeloso cuidado. É tudo o que querem os maçons, ao menos por enquanto.

Todavia se dirá que a cremação, em si mesma, é neutra. Ora, não! Nesta vida nada é neutro, nada existe em si mesmo, mas apenas em consequência das razões pelas quais praticamos nossos atos. Ora, aceitar a cremação é abandonar a inumação. Qual razão, sim, qual razão pode justificar esse abandono em princípio?

Ouve-se dizer que em caso de necessidade, seria legítimo. Efetivamente, é preciso conceder que a sepultura é dessas práticas que comportam exceção, ao contrário do adultério ou do aborto. Mas quem não vê, antes de tudo, que as exceções são por natureza excepcionais e só revogam o curso ordinário fixado pela sabedoria divina por motivos específicos e raros que devem, eles também, corresponder à superior sabedoria de Deus? Por conseguinte, que não nos venham falar em epidemia, porque em tal caso o uso de pó de cal é desde sempre conhecido e preferível. Que não nos venham falar de falta de espaço, pois é precisamente aos vivos que compete criar o espaço adequado para o culto dos mortos, assim como se cria o espaço necessário para os templos… ou para o lazer.

 

Conclusão


Em uma frase, um escritor resumiu o princípio que nos guia: “Quem não vive tal como pensa, acaba pensando tal como vive”.

Por força de não rezar segundo sua crença, a pessoa termina por crer segundo reza.

Por força de não sepultarmos os mortos segundo nossas crenças, acabaremos por pensar conforme o modo como sepultamos os mortos. Ora, a cremação carrega consigo, em razão de seu simbolismo, uma outra maneira de pensar: o homem como senhor de si mesmo depois da morte; o homem sem alma imortal, nem esperança de uma outra vida após a morte; o homem reduzido à matéria e que, após a morte, só lhe resta retornar ao “grande todo”, à mãe-terra, e “fundir-se com ela”, como afirma o documento publicado pela Federação Francesa de Cremação em Paris.

(Fonte: La Porte Latine - Tradução: Permanência)

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