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O dom de Ciência

A alma, estando desligada do mal pelo Temor de Deus e aberta às nobres afeições pelo dom de Piedade, experimenta a necessidade de saber como evitará aquilo que é objeto de seu temor e como encontrará o que deve amar. O Espírito Santo vem em seu socorro e lhe trás o que deseja, derramando nela o dom de Ciência. Por este Dom precioso a verdade lhe aparece, ela sabe o que Deus pede e o que reprova, o que deve procurar e do que deve fugir. Sem a Ciência divina nossa vista corre o risco de perder-se por causa das trevas que muitas vezes obscurecem totalmente, ou em parte, a inteligência do homem. Essas trevas são provenientes, primeiramente, do fundo de nós mesmos, que carrega os traços, bem reais, da decadência do pecado original. São ainda causadas pelos preconceitos e máximas do mundo que enganam diariamente os espíritos que se crêem os mais retos. En m, a ação de Satã, que é o príncipe das trevas, exerce-se em grande parte com o m de envolver nossa alma na obscuridade ou perdê-la com a ajuda de luzes falsas.

A fé que nos foi infundida no batismo é a luz de nossa alma.

Pelo dom de Ciência, o Espírito Santo produz, na virtude da fé, raios tão vivos, que dissipam todas as trevas. As dúvidas, então, se esclarecem, o erro se desvanece e a verdade aparece com todo seu fulgor. Vemos cada coisa na sua verdadeira clari- dade que é a claridade da fé. Descobrem-se os deploráveis erros que estão em curso no mundo, que seduzem tão grande número de almas, dois quais, talvez tenhamos sido, nós mesmos, durante muito tempo, vítimas.

O dom de Ciência nos revela o m que Deus se propôs na criação, aquele m fora do qual os seres não poderiam encontrar nem o bem nem o repouso. Ensina o uso que devemos fazer das criaturas, que nos são dadas não para tropeço, mas para nos aju- dar em nossa marcha para Deus. Sendo-nos, assim, manifestado o segredo da vida, nossa estrada torna-se segura, não hesitamos mais e nos sentimos dispostos a nos retirar de todo caminho que não nos conduza àquele m.

É esta Ciência, dom do Espírito Santo, que o Apóstolo tem em vista quando, falando aos Cristãos diz: “Antes éreis trevas; agora sois luz no Senhor: andeis agora como lhos da luz”. Daí vem a rmeza e a segurança da conduta cristã. A experiência pode faltar algumas vezes e o mundo se perturba com o pensa- mento de dar algum temível passo em falso; mas o mundo não conta com o dom de Ciência. “O Senhor conduz o justo por vias retas e para assegurar seus passos lhe deu a Ciência dos santos”. Todos os dias esta lição é dada. O Cristão, por meio da luz so- brenatural, escapa a todos os perigos e, se não tem experiência própria, tem a experiência de Deus.

Seja bendito, Divino Espírito, por essa luz que derramais e mantendes em nós com tão amável perseverança. Não permi- tais que nunca procuremos uma outra. Somente ela nos baste; fora dela só há trevas. Guardai-nos das tristes inconseqüências em que muitos se deixam levar imprudentemente, aceitando um dia vossa conduta e depois se entregando às opiniões do mundo; levando uma vida que não satisfaz nem ao mundo nem a Vós. Precisamos, pois, amar esta Ciência que nos destes para que seja- mos salvos; o inimigo de nossas almas inveja em nós essa Ciência salutar; quer substituí-la por suas sombras. Não permitais, Di- vino Espírito, que ele consiga seu pér do desígnio e ajudai-nos sempre a discernir o que é verdadeiro do que é falso, o que é jus- to do que é injusto. Que segundo a palavra de Jesus, nosso olhar seja simples, a m de que nosso corpo, quer dizer o conjunto de nossos atos, de nossos desejos e de nossos pensamentos, esteja na luz; salvai-nos daquele olho que Jesus chama de mau e que torna tenebroso o corpo inteiro. 

 

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