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Art. 17 – Se as consideram convenientemente como partes da oração: a obsecração, as orações, a postulação e a ação de graças.

O décimo sétimo discute–se assim. – Parece que inconvenientemente se consideram como partes da oração: a obsecração, a postulação, as orações e a ação de graças.

1. – Pois parece que a obsecração é uma como adjuração. Ora, diz Orígenes, o varão que quiser viver segundo o Evangelho, não deve adjurar a outrem; porquanto, se não é lícito jurar, muito menos adjurar, Logo, é inconvenientemente considerada a obsecração como uma parte da oração.

2. Demais. – A Oração, segundo Damasceno, consiste em pedirmos a Deus o que convém. Logo, é inconveniente que as orações se oponham, numa mesma divisão, à postulação.

3. Demais. – A ação de graças diz respeito ao passado; e as outras partes nomeadas, ao futuro. Ora, o passado vem antes do futuro. Logo, é inconveniente enumerar a ação de graças depois das outras partes.

Mas, em contrário, a autoridade do Apóstolo.

SOLUÇÃO. – Três condições exige a oração. – A primeira é nos achegarmos a Deus; e isso significa a palavra oração, pois, é a ascenção do intelecto para Deus. – A segunda é a petição, expressa pelo nome de postulação; quer a petição tenha um objeto determinado, chamando–lhe certos e propriamente, nesse caso, postulação; quer o tenha indeterminado, como quando pedimos que Deus nos ajude ao que chamam suplicação; que consiste em só expormos um fato, conforme aquilo da Escritura – Eis aí está enfermo aquele que tu amas ao que chamam insinuação. – A terceira é a razão de obtermos o que pedimos, considerada relativamente a Deus ou a quem pede. Relativamente a Deus, é a sua santidade fundados na qual pedimos que nos ouça, segundo a Escritura: Por amor de ti mesmo inclina, Deus meu, o teu ouvido. E a isto pertence a obsecração, que é uma conjuração em nome das coisas sagradas, como quando dizemos: Pela tua natividade, livra–nos, Senhor. Quanto a quem pede, a razão de ser ouvido é a ação de graças; pois, como diz uma coleta, dando. graças pelos benefícios recebidos, merecemos recebê–los ainda maiores.

Por isso, comenta a Glosa: na missa a obsecração precede à consagração, comemorando–se nesta última, certos mistérios sagrados; as orações se dizem na própria consagração, quando principalmente o espírito deve elevar–se para Deus; a postulação se faz nas petições seguintes; a ação de graças, no fim. Mas também em várias coletas da Igreja esses quatro atos aparecem reunidos. Assim, quando a coleta da Trindade diz: Deus onipotente e sempiterno, isso significa a elevação da mente para Deus; a ação de graças é quando reza: que deste aos teus servos, etc.; a postulação está nas palavras: concede–nos, pedimos etc. e ao fim vem a obsecração: por nosso Senhor, etc.

Porém, nas Conferências dos Padres se diz: A obsecração consiste na implorarão pelos nossos pecados; a oração, quando fazemos um oferecimento a Deus; a postulação, quando pedimos pelos outros, etc. Mas é melhor a primeira explicação.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A obsecração não é uma adjuração para compelir; o que é proibido; mas, para implorar misericórdia.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A oração, tomada em sentido geral, inclui todas as outras divisões aqui referidas. Mas, quando, na classificação, se opõe a essas divisões, consiste propriamente em elevarmos o nosso espírito para Deus.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Quando se trata de coisas diversas, o pretérito precede o futuro; mas, quando se trata de uma só e mesma coisa, o futuro vem antes do pretérito. Por onde, a ação de graças pelos benefícios já recebidos precede o pedido de outros. Mas, se se trata de um mesmo benefício, primeiro o pedimos, para depois, quando já o tivermos recebido, darmos as ações de graças. Quanto à postulação, ela é precedida pela oração, que nos faz aproximar de Deus, a quem pedimos. Mas, a obsecração precede à oração, porque é considerando a divina bondade que ousamos nos aproximar dela.

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