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Art. 5 ─ Se os condenados terão ódio a Deus.

O quinto discute-se assim. ─ Parece que os condenados não terão ódio a Deus.

1 . ─ Pois, como diz Dionísio, a todos é amável o belo e o bom que é a causa de todo bem e de toda beleza. Ora, tal é Deus. Logo, Deus não pode ser odiado de ninguém.

2. Demais. ─ Ninguém pode odiar a bondade em si mesma, como não pode querer o que é a malícia mesma; pois, o mal é absolutamente involuntário, como diz Dionísio. Ora, Deus é a própria bondade. Logo, ninguém pode odiá-la.

Mas, em contrário, a Escritura: A soberba de aqueles que te aborrecem sobe continuamente.

SOLUÇÃO. ─ O nosso afeto se move pelo bem ou pelo mal apreendido. Ora, Deus pode ser apreendido de dois modos ─ em si mesmo, como o apreendem os bem-aventurados, que o vêem em essência; e pelos seus efeitos, como o apreendemos nós e os condenados. ─ Ora, Deus, sendo em si mesmo a bondade por essência, não pode desagradar a nenhuma vontade. Portanto, quem o vê em essência não no pode odiar. ─ Mas dos seus efeitos uns podem repugnar à vontade pela contrariarem. Então Deus pode ser odiado, não em si mesmo, mas em razão desses efeitos contrários à vontade. ─ Ora, os condenados, que sentem o efeito da justiça de Deus, que é a pena, odeiam-no como odeiam as penas que sofrem.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ As palavras de Dionísio devem entender-se do apetite natural, que os condenados têm pervertido pelo que lhe acrescenta a vontade deliberada deles, como se disse.

RESPOSTA À SEGUNDA. ─ A objeção colheria, se os condenados contemplassem a Deus em mesmo, como o bem por essência.

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