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Art. 3 ─ Se de algum modo os anjos contribuirão para a ressurreição.

O terceiro discute-se assim. ─ Parece que de nenhum modo os anjos contribuirão para a ressurreição.

1. ─ Pois, a ostensiva ressurreição dos mortos supõe um maior poder que a geração humana. Ora, na geração humana, a alma não é infundida no corpo mediante o ministério dos anjos. Logo, nem pelo ministério dos anjos se fará a ressurreição, por onde de novo se unirá a alma ao corpo.

2. Demais. ─ Se houver anjos incumbidos desse ministério, hão de ser de preferência as Virtudes, a quem é próprio fazer milagres. Ora, não são esses os incumbidos, mas os Arcanjos como diz o Mestre. Logo, a ressurreição não se fará pelo ministério dos anjos.

Mas, em contrário, o Apóstolo, quando diz: O Senhor, com voz de Arcanjo, descerá do céu e os que morreram ressurgirão. Logo, a ressurreição dos mortos se cumprirá pelo ministério angélico.

SOLUÇÃO. ─ Conforme diz Agostinho, assim como os corpos mais grosseiros e inferiores são governados numa certa ordem pelos mais subtis e potentes, assim todos os corpos são governados por Deus mediante os seres vivos dotados de razão. Com o que também está de acordo Gregório. Por isso em todas as suas obras materiais Deus se serve do ministério dos anjos. Ora, a ressurreição, implica duas causas ─ a reunião das cinzas, no concernente à transformação dos corpos; e a preparação que as deve tornar próprias à reconstituição do corpo humano. Por onde, na ressurreição Deus se servirá do ministério dos anjos para a consecução desses fins. A alma, porém, como criada imediatamente por Deus, também será de novo imediatamente unida por Deus ao corpo, sem nenhuma intervenção dos anjos. Semelhantemente, Deus dará ao corpo a glória sem o ministério angélico, assim como também glorifica imediatamente a alma. Ora, é esse ministério angélico o chamado voz, segundo uma versão referida pelo Mestre.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Deduz-se clara do que foi dito.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ O ministério angélico será exercido principalmente por Miguel, um dos Arcanjos, príncipe da Igreja, como foi o da Sinagoga, conforme à Escritura. Ele porém o exercerá sob a influência das Virtudes e das outras ordens superiores. E assim o que fizer também de certo modo o farão as ordens superiores. Semelhantemente, os anjos inferiores cooperarão com ele no tocante à ressurreição de cada um de aqueles a quem foram dados como guardas. De modo que a referida voz pode ser simultaneamente considerada como de um e de vários anjos.

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