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Thesauri

Um único holocausto agradável a Deus

Os dias vão passando e já avançamos mar adentro nas águas da Santa Quaresma. Mesmo se muitos ainda não se dispuseram a incluir no seu dia a dia alguma mortificação, lembranças efêmeras da vida mortificada dos primeiros cristãos, outros já começam a tirar proveito espiritual e material pelos pequenos sacrifícios oferecidos generosamente diante do altar. Durante quatro semanas a Igreja nos convida a esvaziarmos nosso coração dos apegos à nossa vontade própria, às amarras múltiplas que nos prendem a esta vida, de modo a deixar espaço ao que vem pela frente. Se é verdade que o nosso sacrifício é tão fraco e pequeno, por outro lado, o Tempo da Paixão nos estabelece diante da Cruz do nosso Salvador. Ali então, se tivermos sido generosos nas quatro primeiras semanas, descobriremos maravilhados tantos reflexos luminosos do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo. E esta palavra - Sacrifício - soará em nossos ouvidos e vibrará em nosso peito no seu significado profundo: Sacrum facere - fazer o sagrado. Em outras palavras, realizar os atos próprios daquilo que se oferece a Deus e que é aceito como agradável pelo Pai. De fato, o Pai enviou o seu próprio Filho, Deus de Deus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, com esta missão específica. Qual? Alguns dirão que Cristo veio ao mundo para pregar o Evangelho; outros que veio ensinar aos homens o caminho da paz. E têm razão. Mas nem a pregação do Evangelho nem a paz que lhe segue podem manifestar o fundo da missão do Messias. Ele veio para oferecer um único Sacrifício agradável ao Pai. Dirão então: quer dizer que aquela religião revelada outrora aos Patriarcas, pregada pelos Profetas e vivida com tanta dificuldade pelo Povo Eleito, na qual se encontravam tantos sacrifícios rituais, não foi agradável ao Pai?

A imagem peregrina de N. Sra de Fátima

 

À sua passagem pela América, como pela Europa, África, Índia, Indonésia e Austrália, chovem bênçãos e maravilhas da graça de tal modo que mal podemos crer naquilo que nossos olhos vêem.” (PioXII)1
 
Não hesito em qualificar de milagrosa a peregrinação de Nossa Senhora de Fátima, através do mundo, porque, está acompanhada desde o começo e em todo o país, de circunstancias que não tem explicação natural. E não sei se há na história acontecimento comparável.” (Cardeal Cerejeira) 2.
  1. 1. Pio XII, “Rádio-mensagem aos peregrinos de Fátima”, 13 de outubro de 1951, documentos Pontifícios da Santa Sé . Pio XII, São Mauro, Editora Santo Agostinho 1954, pág. 415.
  2. 2. Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa, prefácio do Cônego Barthas, Fátima e os destinos do mundo, Toulouse, Editora Fátima, 1955 pág. 9. Do mesmo autor: Fátima, a maravilha do século XX, Toulouse, editora Fátima, 1952, pág.273-278; e “As Pombas da Virgem, Fiorete de Fátima”, Montsurs, Toulouse, editora Résiac/Fátima 1985 – Ver também Frei Miguel da Santíssima Trindade “Toda a verdade sobre Fátima” – 1985, t3, pág. 73-83, 142-144, 166-168.

A missa e a morte

 
Podemos aprofundar-nos, de modo abstrato e especulativo, na doutrina cristã e católica do sacrifício da missa; igualmente, podemos fazê-lo de modo concreto e vivido, unindo-se à oblação do Salvador de forma pessoal e, mais particularmente, fazendo por antecipação o sacrifício da própria vida, para obter a graça de uma morte santa.

A Ariano Suassuna

Tivemos quarta-feira passada na PERMANÊNCIA1, numa sala repleta, que quiséramos mais ampla e mais repleta, uma conferência de Ariano Suassuna sobre o Romanceiro Popular do Nordeste. Depois de uma sábia apresentação de Gladstone Chaves de Melo que esboçou um resumo da vida já bem vivida do mais jovem membro do Conselho Federal de Cultura, e uma interpretação de seu último grande livro, “A PEDRA DO REINO’ (Ed.

  1. 1. [N. da P.] Esta conferência ocorreu em dezembro de 1971

Um amigo de verdade

Os artigos que andei escrevendo ultimamente sobre alguns pontos da teoria de Albert Einstein trouxeram-me à memória o nome e a figura de um outro judeu, pobre e obscuro, de que talvez nenhum de meus leitores ouviu falar, e que morreu de repente, na força da idade, sem deixar a obra que sonhava escrever. Para mim, entretanto, Nathan Neugroschel foi uma das mais curiosas e ricas personalidades que jamais encontrei. Foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores homens que até hoje conheci.

Castelo Branco

Inclina o ouvido, jovem leitor, às palavras de um velho amigo, e guarda este nome: Humberto Castelo Branco. Foi o maior Chefe de Estado, o mais decisivo, o mais significativo de todas as qualidades latentes em nosso povo, a mais importante figura da História do Brasil. Não exagero.
 

Lembrança de Bernanos

 

A Fernando Carneiro
 
O primeiro sentimento que me veio, quando Fernando Carneiro me comunicou por telefone a morte de Bernanos, foi uma falta enorme, instantânea, brusca, como se aquele homem que apenas encontrara meia dúzia de vezes, e que se achava perdido para mim, “somewhere in France”, estivesse ligado à minha vida com os vínculos de uma antiga amizade. E estava. Realmente, estava. Sem que eu mesmo o soubesse, Bernanos tinha deixado em mim a marca inapagável de um contato verdadeiramente humano. Um minuto antes da notícia, mal me lembrava de seu vulto, de sua voz, de suas bengalas, de sua cólera pronta e de sua prontíssima ternura. Agora, pondo o fone no gancho, eu sentia crescer em mim, por todos os lados, em torno, atrás, adiante, nas recordações e nas esperanças uma falta enorme.
 

Encontros com Oswald de Andrade

 

Foi há dois anos, creio eu, que tive um primeiro rápido encontro na porta de uma livraria com Oswald de Andrade, e a primeira impressão que logo me assaltou foi a de estar começando uma amizade, um jogo, com um menino guloso, truculento, direito e bom. Mal me lembram as palavras que dissemos e os assuntos que abordamos. Ele mesmo procurara essa aproximação. Queria saber como eu era; queria tirar a limpo o conflito, o desajuste ou a contradição que julgava existir entre meus livros e meu catolicismo. Ou melhor, e com palavras suas, desejava verificar se eu possuía um “catolicismo de Botafogo” ou algum outro de espécie mais admissível. E verrumava-me com aqueles ferozes olhos azuis que dias depois, em conversa mais íntima, deixaram escapar reflexos de ternura.
 

Rue du Bac

 

Num recanto de Paris, margem esquerda, quase escondida atrás do Bon Marché, onde trepida toda a variedade do efêmero, há uma rua estreita, um portão abrindo para um pátio que, no fundo, por uma porta à direita também quase escondida abre para uma sombria capela espaçosa onde, em todas as horas, encontramos um permanente contraste: a multidão e o recolhimento. Estamos na Capela das Irmãs da Caridade, 140, Rue du Bac, permanentemente cheia e permanentemente imersa no mais profundo e silencioso recolhimento.
 

O dogma da Assunção

A 15 de agosto, como todo o povo católico sabe, a Igreja comemora a Assunção de Nossa Senhora. Esta festividade litúrgica se situa, no ano eclesiástico, na grande planície que fica entre as grandes festas do Cristo e do Espírito Santo. De Pentecostes até natal há uma espécie de campo juncado de santos mortos que um dia ressucitarão e terão um corpo de glória.

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