Thesauri
Mons. Louis-Gaston de Ségur
Somos reacionários? Não, se por reacionários entendemos os espíritos amuados, sempre ocupados em lamentar o passado, o antigo regime, a Idade Média. “Ninguém, bem dizia o bom Nicodemos, pode retornar ao ventre de sua mãe para nascer novamente”; sabemo-lo muito bem, e não desejamos o impossível.
Sim, somos reacionários, se se entende por isso os homens de fé e de coração, católicos antes de tudo, que não transigem nenhum princípio, não abandonam nenhuma verdade, respeitando, em meio às blasfêmias e ruínas revolucionárias, a ordem social estabelecida por Deus, decididos a não recuar um passo sequer diante das exigências de um mundo pervertido, e guardando como um dever de consciência a reação anti-revolucionária.
Dizemo-lo a toda hora, a Revolução é o grande perigo que ameaça a Igreja hoje. Seja o que digam os mistificadores, este perigo está às nossas portas, no ar que respiramos, em nossas ideias íntimas. À véspera de grandes catástrofes, sempre se encontram estes incompreensíveis cegos, surdos e mudos, que querem nada ver, nada compreender. “Está tudo bem, dizem eles; o mundo jamais foi tão esclarecido, a fortuna pública tão próspera, o exército tão bravo, a administração melhor organizada, a indústria mais florescente, as comunicações mais rápidas, a pátria mais unida”. Eles não enxergam, não querem ver que esta ordem material acoberta uma profunda desordem moral, e que a mina prestes a desabar é a base do edifício. Mistificados e mistificadores, eles abandonam a defesa, deixam-na aos demais e oferecem à Revolução a Igreja desarmada. (continue a ler)
Irmãs da Fraternidade São Pio X
Francisco está estudando no quarto ano no colégio mais famoso da cidade. Ao voltar da aula, ele entrega à sua mãe, Andreia, o boletim com as notas do bimestre. “Que bom!”, pensa Andreia: “Francisco tirou notas excelentes em matemática e em português. Com a sua prática em idiomas, com certeza ele vai poder entrar nas melhores universidades do país!”.
E Andreia já imagina seu filho sendo um advogado de prestígio, um engenheiro com êxito ou um cientista eminente... Que mãe não tem grandes ambições para seus filhos?
Ao mesmo tempo, Gustavo - estudando no 5º. ano no Colégio São Pio X – também entrega a Silvina, sua mãe, as suas notas bimestrais. Silvina lê com atenção: Catecismo: 9; Comportamento geral exemplar: bom espírito, responsável e prestativo com os menores. Silvina sonha também com o futuro do seu filho: “O que será de Gustavo no futuro? Um bom pai com uma família numerosa? Talvez padre?” (Clique para continuar)
Pe. Garrigou-Lagrange, OP
Estado e dificuldade da questão: não se está tratando da perfeição ínfima, que exclui apenas os pecados mortais, nem tão-somente da perfeição média, que exclui os mortais e os veniais plenamente deliberados, mas da perfeição propriamente dita, que exclui imperfeições deliberadas e atos imperfeitos; logo, não é meramente o convite à perfeição propriamente dita pois, quanto a isso, não há dúvida: todos homens estão convidados à perfeição propriamente dita.
A questão versa sobre a existência de uma obrigação geral de todos católicos tenderem à perfeição da caridade. Não é, contudo, uma obrigação especial, cuja violação seria um pecado especial, como no estado religioso, mas de uma obrigação geral.
A dificuldade surge quando queremos conciliar certas sentenças de Nosso Senhor que, num primeiro momento, parecem contradizer-se.
Por um lado, Cristo aconselha o adolescente rico (Mt 19, 21): “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá aos pobres... e vem e segue-me”. Estas palavras – “Se queres ser perfeito” – parecem exprimir um conselho, não uma obrigação. Logo, todos os católicos não estão obrigados a buscar a perfeição; aparentemente, somente aqueles que já prometeram seguir os conselhos evangélicos estariam obrigados a buscar a perfeição .
Por outro lado, declara Cristo a todos (Mt 5, 48): “Sede pois perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito”. (continue a ler)
Pe. Mauro Tranquillo, FSSPX
Com uma mensagem ex audientia Sanctissimi, a Congregação da Doutrina da Fé nos informou que um outro elemento da religião católica deve se considerar modificado oficialmente: a doutrina sobre a licitude da pena de morte.
O Catecismo publicado por João Paulo II, mesmo contendo inovações conciliares, ainda admitia (ainda que de maneira mais teórica) que a autoridade estatal pudesse cominar a pena capital em casos gravíssimos. Ao contrário, a modificação do número 2267 do referido catecismo nos diz que, contrariamente ao afirmado no passado, “a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que ‘a pena de morte é inadmissível porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa’ e se empenha com determinação na sua abolição em todo o mundo” Especifica-se, seguindo a doutrina conciliar, que a dignidade humana nunca se perde, nem mesmo por crimes gravíssimos (Santo Tomás ensinava o oposto).

Albert Galter
Foi pelo ano de 1920 que a ideologia marxista-leninista foi introduzida na China por agentes a serviço da Rússia. No espaço de trinta anos conseguiu ela impor-se a cerca de meio bilhão de homens, graças à hábil inserção dos seus profetas no jogo dos acontecimentos nacionais, e ao proveito que eles tiraram da situação internacional criada no Extremo-Oriente durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Fundado em Shangai em 1921, o Partido Comunista Chinês precisou, pouco a pouco, o seu caráter revolucionário, com o auxílio da Missão de peritos industriais e militares russos que se achava na China desde 1920.
Quando Tchang Kai-Chek começou em 1927 a obra de reunificação interior do país, marchando contra o governo que sediava então em Nankin, os comunistas, aproveitando a guerra civil, formaram por seu lado um governo em Hankow e puseram à testa dele Mao Tsé-Tung (1928). (Continue a ler)

Dom Marcel Lefebvre
Meus caríssimos irmãos,
Eis-nos outra vez reunidos sob o patrocínio de São Pedro e São Paulo, mártires. Como não lançar nossos olhares, pelo pensamento, pelo coração, para Roma? Roma que este Papa e o apóstolo São Paulo regaram com o seu sangue, acompanhados de tantos e tantos mártires. Foi também com emoção que lemos esta manhã as lições do Papa São Leão, que se dirigia assim à Cidade Eterna:
"Ó Roma, quæ eras magistra erroris facta est discípula veritatis – Ó Roma, tu que eras mestra do erro, que ensinaste o erro, eis que te fizeste serva da Verdade”.
Que bela palavra: serva da Verdade! E ele acrescentava que esta cidade de Roma reunia todos os erros de todas as nações: Omnium gentium serviebat erroribus...
Roma parecia estar a serviço dos erros de todas as nações. Acolhendo todas as divindades, Roma julgava, diz ainda São Leão, que tinha uma grande religião, magnam religionem, porque, precisamente, ela reunia todos os erros, todas as religiões, em seu seio.
Estas palavras de São Leão descrevendo a Roma pagã, a Roma antiga, faz-nos refletir hoje.

Apesar dos inevitáveis males que acompanham toda crise, o modernismo foi benéfico ao mostrar-nos um santo e um Papa em ação como nunca se tinha visto na história já maravilhosa da Igreja. São Pio X não só era um santo, mas um Papa santo, algo que o mundo não via há quatro séculos. Embora não ostentasse os títulos nobiliárquicos ou a consumada diplomacia de Leão XIII, São Pio X nada tinha de pequeno cura de aldeia obscurantista, como seus detratores tanto apreciavam descrevê-lo. Em um pontificado de pouco mais de dez anos, em meio às mais perigosas crises que a Igreja atravessava, esse veneziano conduzirá a barca de Pedro com mão de mestre. Será qualificado de retrógrado por ter feito ouvidos moucos às sereias modernistas que preconizavam o «Evangelho puro» e profetizavam que a Igreja deveria mudar ou morrer. E, não obstante, poucos pontífices terão merecido como ele o título de reformador, pelos enormes progressos que fez em campos tão diversos como os estudos eclesiásticos, o direito canônico, a Sagrada Bíblia e a liturgia.

André Charlier
Esta carta de André Charlier merece ser lida duas vezes. Uma, por seu conteúdo e oportunidade; Outra, tendo-se em vista a data em que foi escrita, 22 de outubro de 1954, quando Charlier era diretor da escola preparatória de Clères, na Normandia.
Embora escrita para pais franceses, estas breves reflexões certamente interessarão ao leitor brasileiro.
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O artigo seguinte trata de uma das páginas mais tristes de nossa história, o acordo Roma-Moscou firmado em 1962. Ele nos ajuda a compreender o porquê do Vaticano ter se calado sobre o comunismo no Concílio, bem como as origens da atual política de simpatia por políticos e personalidades de esquerda.
Revelado inicialmente pela imprensa comunista, foi confirmado posteriormente por publicações progressistas e comentado no periódico católico "Itinéraires". Mas ninguém leu, ou se leu, não acreditou, ou se acreditou, deu ao acordo uma interpretação complacente que não mais se pode manter. (Leia mais)
Aviso do Editor
Este opúsculo foi escrito em 1867. Desde então, as coisas se precipitaram, fez-se a luz e a seita maçônica tirou a máscara. Hoje ela confessa às claras que é aquilo que é – uma organização anticristã da Revolução.
É inimaginável a raiva que esta obrinha suscitou e ainda suscita; essa reação é perfeitamente compreensível e, melhor que qualquer raciocínio, comprova a temível verdade das revelações que aqui se dão a público.
Muitos maçons admitiram esse fato. “O autor deste livro está bem informado”, dizia entre outros, em 1868, um velho maçom de Tours. Um dos cabecilhas mais fanáticos da Loja de Marselha, que retornou à prática da Religião, declarava “que uma das coisas que mais o impressionou foi o livrinho de Mons. de Ségur sobre a maçonaria”. E acrescentava: “Eu o li pensando que encontraria terríveis exageros; mas, ao contrário, achei-o ainda tão aquém da verdade, que me deu medo, de modo que senti necessidade de sair da minha abjeta situação”.
Com a ajuda de Deus, este opúsculo impediu que muitas almas fossem seduzidas, e abriu os olhos de uns pobres coitados que se deixaram enredar pelo Grande Oriente. Em Paris, em uma grande escola noturna, freqüentada por operários e moços, em um só mês, por conta da leitura de algumas páginas, mais de cinqüenta decidiram deixar de imediato as Lojas às quais acabavam de afiliar-se.