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Índice temático

Paulo VI e a auto-demolição da Igreja

Pe. François Marie-Chautard, FSSPX

 

“É preciso reconhecer que o papa Paulo VI trouxe um sério problema à consciência dos católicos.

Esse papa causou mais males à Igreja que a Revolução de 1789”. (Dom Marcel Lefebvre)1

 

Quando em junho de 1963 Paulo VI tomou posse do segundo e terceiro andares do Palácio Apostólico, tradicionalmente reservados ao Santo Padre, tratou de arrumá-los a seu gosto. Amante de arte contemporânea, queria dar um aspecto moderno a seus apartamentos. Tapeçaria e poltronas antigas foram substituídas por tecidos e móveis de estilo recente, os aposentos renovados foram adornados com obras de artistas em voga, e sua capela privada foi transformada no espírito dos anos 60.

A história do seu pontificado revelaria que essa nova decoração era representativa da maneira com a qual o novo papa iria considerar e reger a Tradição da Igreja. (Continue a ler)

  1. 1. Dom Marcel Lefebvre, Carta aberta aos católicos perplexos, Editora Permanência.

Deveres dos pais para com os filhos

Irmãs da Fraternidade São Pio X

Estimada senhora, na carta anterior eu lhe dizia que há aproximadamente dois séculos o homem mudou a ordem desejada por Deus e, com isso, por sua desobediência, propagou erros e maus costumes em toda a sociedade, nas famílias e na educação dos filhos. Tentarei mostrar essa desordem para ajudá-la em sua vocação de educadora de seu filho – vocação que, sem dúvida, se tornou muito difícil em nossos dias. A senhora percebe que em todas as partes só se fala dos direitos da criança, a tal ponto que se poderia pensar que os pais não têm mais nada a dizer. A criança sabe disso e aproveita a situação para satisfazer seus caprichos e não obedecer mais, sob pena de se rebelar na época da adolescência. Mas será que o ensinaram verdadeiramente a obedecer? Desde pequeno? Em verdade, nesse momento da adolescência, alguns pais se encontram desprovidos de meios e não sabem mais o que fazer. (Continue a ler)

A tibieza

Pe. Michel André

 

“Ninguém pode servir a dois senhores: odiará a um e amará ao outro;
ou se apegará a um e desprezará o outro”. (Mt 6, 24).

 

A exemplo de alguns Padres da Igreja, pode-se ver em Mamon, o falso deus sobre que fala Nosso Senhor, não apenas o dinheiro, mas também outros apegos terrestres, materiais, que entravam o progresso espiritual.

Quero-vos falar da tibieza, doença da alma muito comum – ela contagia a metade ou bem três quartos dos cristãos que estão em estado de graça; e isso é realmente terrível, já que é preciso crer nas palavras da Escritura: “Deus vomita os mornos de sua boca”, i. é, ele os expulsa para longe de si, e por conseqüência, essas almas estão em grande perigo de cair no inferno eterno, caso não mudem de vida.

Ora, a tibieza, que afeta tanto os clérigos – i. é, os padres e os bispos – quanto os laicos, se encontra em três tipo de pessoas:

  1. Em primeiro lugar, as que saíram duma má vida, em estado de pecado mortal, para retornar a uma vida normal, em estado de  graça. Mas então, satisfeitas consigo mesmas, cessam os esforços e não querem mais se elevar...
  2. Há aquelas que, depois de atingirem uma vida fervorosa, amiúde bem jovens, esfriam para uma vida de tibieza, de mediocridade. Deus vela para que não despenhem para muito baixo! É o caso de inúmeros religiosos, se se levar em conta as palavras da Imitação, e a experiência cotidiana!
  3. Finalmente, há o caso dos cristãos que naturalmente são felizes: eles nunca buscaram se tornar melhores. Deve-se pois sacudir-lhes a indolência, o torpor – eles dormem!; mais das vezes, só de uma coisa precisam: um bom diretor espiritual, que lhes apontará os caminhos da vida perfeita.

Mas em que consiste esta terrível doença espiritual, ignorada por tantos cristãos, e contudo tão difundida? Quais são os sintomas, entre os “bons” cristãos? (Contine a ler)

Qual o problema do espiritismo?

Pe. Sarda y Salvany

Ao leitor

Este opúsculo não tem a pretensão de ser obra teológica ou filosófica, longe disso. É pura e simplesmente uma breve instrução caseira para o uso dos fiéis. Por isso, ao longo dele, e sobretudo na sua primeira parte, apela-se ao bom senso católico do leitor, mais do que a elevadas argumentações científicas. O espiritismo não precisa, para o seu deslustre, mais do que ser conhecido à luz das mais triviais noções da fé cristã e do sentido comum. Decidi, portanto, expô-lo sob estes dois pontos de vistas. Os que desejarem estudos mais profundos, poderão ler a obra excelente do Pe. Pailloux: Le magnétisme, le spiritisme et la possession, e também a série de artigos magníficos publicados em La Civiltà cattolica, e com o título: El espiritismo en el mundo moderno, traduzidos para o espanhol e editados em Lugo, casa editorial de Soto. (Continue a ler)

Fátima e o dever de estado

Pe. Bertrand Labouche - FSSPX

Na aparição de 13 de setembro, Nossa Senhora de Fátima pediu aos três pastorinhos para não usarem a corda à noite. Para converter os pobres pecadores, eles tinham decidido oferecer o sacrifício de trazer uma corda amarrada sobre os rins dia e noite, mas Nossa Senhora lhes lembrou que a noite foi feita para descansar.

“O dever antes de qualquer outra coisa, por mais santa que seja", dizia o Pe. Pio.

O dever de estado é um grande meio de santificação. Irmã Lúcia escreveu numa carta de 1943 o que Nosso Senhor lhe revelou sobre o assunto:

Esta é a penitência que o bom Deus agora pede: o sacrifício de cada um para impor a si mesmo uma vida de justiça na observância da Sua lei.Ele deseja que se faça conhecer com clareza este caminho às almas; pois muitas, julgando que o sentido da palavra ‘penitência' restringe-se às grandes austeridades, por não sentirem forças nem generosidade para elas, desanimam e descansam numa vida de tibieza e pecado.

“[…] estando na capela, com licença de meus superiores, às 12 da noite, me dizia Nosso Senhor: 'O sacrifício que o cumprimento do seu próprio dever e a observância da minha lei exige de cada um, é a penitência que agora peço e exijo.” (Continue a ler)

O futuro da Igreja e das vocações

O Pe. Davide Pagliarani, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, concedeu uma entrevista exclusiva ao site oficial do Distrito Francês da FSSPX, La Porte Latine, na qual relembra a fecundidade da Cruz para as vocações e as famílias. Ele enfatiza particularmente a necessidade de guardar o espírito autêntico do fundador, Dom Marcel Lefebvre, “um espírito de amor pela fé e pela verdade, pelas almas e pela Igreja”, em face da recente canonização de Paul VI e da promoção da sinodalidade na Igreja.

 

Faz agora cinco meses que o senhor foi eleito Superior Geral da Fraternidade São Pio X, para um mandato de doze anos. Estes cinco meses certamente lhe permitiram uma primeira visão geral sobre a obra fundada por Dom Marcel Lefebvre, em complemento à sua já rica experiência pessoal. Qual a sua impressão e quais as prioridades para os próximos anos?

A Fraternidade é uma obra de Deus, e quanto mais a conhecemos, mais a amamos. Duas coisas mais me impressionaram. Primeiro, o caráter providencial da Fraternidade: ela é o resultado de escolhas e decisões de um santo guiado unicamente por uma prudência sobrenatural e “profética”, cuja sabedoria apreciamos mais e mais à medida que os anos passam e a crise da Igreja se agrava. Depois, pude constatar outra vez que não temos a regalia de sermos poupados: o Bom Deus santifica todos os nossos membros e fiéis mediante os fracassos, as provas, as decepções, em uma palavra, pela cruz e não por outros meios.  (Continue a ler)

O Presente Natal da Virgem Maria

Dom Lourenço Fleichman OSB

 

Desde o início do Advento temos meditado nos mistérios da Virgem Maria. Escolhi Nossa Senhora como objeto de nossa preparação ao Natal e tenho procurado acompanhá-la em todos os cuidados e prerrogativas com que foi agraciada por Deus. 

A vida extraordinária da Mãe de Deus começa com o mistério da sua concepção imaculada, preservada que foi do Pecado Original. Consideramos este primeiro pecado transmitido a todos os filhos de Adão e Eva como um óbice, um obstáculo à graça divina introduzido na alma de todos os filhos de Adão e Eva, por modo de geração. Todas as almas criadas por Deus para animar um corpo concebido neste mundo trazem essa tara, esse defeito inicial, pelo fato mesmo de terem sido gerados. Como a natureza humana em Adão e Eva deixou o Jardim do Éden ferida e decaída, tendo perdido a graça e também os dons preternaturais, era natural que todos nascessem sem o domínio da razão sobre as concupiscências. A natureza humana, depois do pecado, perdeu seu estado de integridade, tornando-se decaída. Além desse estado de miséria que nos arrasta tantas vezes ao pecado, Deus quis que nascêssemos todos com a mancha daquele pecado que nossos primeiros pais cometeram desgraçadamente. (Continue a ler)

Entrevista com o Pe. Davide Pagliarani

INTRODUÇÃO

No último sábado, 15 de dezembro de 2018, o Superior Geral da Fraternidade São Pio X, Padre Davide Pagliarani, concedeu uma admirável entrevista ao jornal austríaco Salzburger Nachrichten, que é classificado pelos especialistas em veículos de comunicação européia como um diário de tendência “cristã e liberal”.

PERMANÊNCIA apresenta aqui a tradução dessa entrevista, na qual o leitor facilmente perceberá duas coisas. A primeira é que cada pergunta do entrevistador, cioso do caráter liberal do periódico austríaco, é uma tentativa de retratar a Tradição como um ajuntamento de teimosos e ingratos, que não sabe corresponder às benevolentes concessões vindas de Roma. Mas também notará a maestria do entrevistado, com respostas tão firmes quanto curtas: simples como a pomba, e prudentes como a serpente.

Para nós é um bálsamo constatar que a obra fundada por Dom Marcel Lefebvre há quase 50 anos, no alvorecer do turbilhão pós-conciliar, segue sendo hoje, como jamais deixou de ser ― apesar do que digam os seus detratores ― o baluarte de defesa da fé sobrenatural, essa fé católica que é afirmada logo no início da entrevista do superior geral.

Peçamos a Nosso Senhor a graça imensa de jamais perder essa mesma fé, há meio século espezinhada por aquela mesma hierarquia constituída para guardá-la e transmiti-la.

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O fundador da Fraternidade São Pio X, Dom Marcel Lefebvre, foi excomungado em 1988 por ter ordenado quatro bispos sem permissão. No ano de 2009, Bento XVI levantou estas excomunhões. O que isso significa para o senhor?

Para nós não mudou nada, pois jamais consideramos que essas excomunhões tivessem fundamento. No entanto, algumas pessoas sentiram-se encorajadas a juntar-se a nós, coisa que até então não ousavam fazer. Isso facilitou igualmente nossas relações com alguns bispos e com parte do clero, sobretudo com os padres mais jovens.

 

Francisco também fez algumas concessões. O que o senhor ainda espera?

Esperamos aquilo que todo católico pede à Igreja no seu batismo: a fé. A revelação divina está encerrada, é dever do Papa transmitir fielmente o depósito da fé. O Papa deve, pois, pôr um fim à terrível crise que agita a Igreja há 50 anos. Esta crise foi desencadeada por uma nova concepção da fé centrada sobre a experiência subjetiva de cada um: julga-se que o indivíduo é o único responsável pela sua fé e pode livremente optar por qualquer religião, sem distinção entre o erro e a verdade. Ora, isso contradiz a lei divina objetiva. (Continue a ler)

A suprema farsa do igualitarismo

    

Antônio Machado 

 

[Na última terça-feira (4/12/2018), um advogado foi detido após interromper um Ministro em pleno vôo comercial e declarar que o Supremo Tribunal Federal é "uma vergonha". O que pensar acerca desse episódio? Antônio Machado, redator da Revista Permanência, analisou o episódio no artigo que publicamos abaixo.]  

É da natureza das coisas que toda credulidade termine em decepção. Fiar-se numa quimera, numa promessa inexeqüível, é o justo castigo que se auto-infligiu o homem moderno ao rechaçar a Fé e a Esperança cristãs. Estas, que são virtudes verdadeiras, conduzem à felicidade eterna no céu e, já aqui na terra, antecipam-na pela vida da graça, semen gloriae. Mas o homem humanista, o homem naturalista, tem lá suas moedas falsas com que pretende, como se possível fosse, defraudar o céu e a terra para arrebatar-lhes uma felicidade de Babel. Fabrica para si os erros em que piamente crê ― corruptela da Fé ― e as promessas de um “mundo melhor”, de um “paraíso nesta vida”, que julga factíveis ― corruptela da Esperança.

Ora, o Liberalismo é por excelência uma grande quimera. Apresenta como fim último do homem o que não passa de um meio: a liberdade. Deposita sua esperança num ideal impossível: a igualdade. E promete desse modo chegar à fraternidade, essa contrafação mundana da Caridade. A prometida sociedade fraterna do porvir é a paródia liberal da bem-aventurança celeste. Mas, bem ao contrário disso, resulta um atomismo social que destrói todos os laços mais profundos entre os homens (solução da direita individualista), ou um Leviatã onipotente capaz de forçar a fraternidade involuntária (solução da esquerda coletivista), ou ainda uma curiosa mistura de uma e outra coisa, que parece ser o vetor final do jogo de forças direita-esquerda. (Continue a ler)

Anarquismo e progressismo

Gustavo Corção

A crise de nosso tempo poderia ter este título que encerra uma grotesca contradição, e que tem seu tipo representativo mais cômico nos descendentes de Bakunin que começaram na Espanha a infiltração e a perseguição religiosa antes dos comunistas marxistas. Romanticamente se apresentavam como militantes de um mundo novo munidos de uma pistola na mão direita e da enciclopédia na esquerda. O programa era sucinto: beber o sangue dos últimos padres na cabeça craniana do último dos reis.

Lembrando a alta que os títulos dos revolucionários tiveram na convulsão de 1789, que nos foi inculcada como feito de glória universal, seria melhor, naquele retrato do herói anarquista, trocar a pistola pela guilhotina, mas a imagem que já me parecia insustentável com a enciclopédia na mão esquerda, fica decididamente inimaginável se na direita quisermos colocar a aparatosa guilhotina.

Mas, sob o ponto de vista do valor simbólico, insisto na guilhotina, e quem quiser se apegar à figura romântica desenhe na imaginação um Robot gigantesco portando na mão direita uma guilhotina, e na esquerda a Britânica ou a Barsa. E insisto na guilhotina porque o supremo ideal do anarquista é a decapitação, e não a morte qualquer produzida por uma bala nas partes baixas, ou nas obras mortas do corpo humano. Não foi por mero acaso que nos primórdios da Revolução Francesa o doutor Guillotin inventou a guilhotina, e até submeteu-a à apreciação do rei Luis XVI que tinha pendores para a mecânica e para a serralheria.

Não sei se é apócrifa a anedota; mas a Guilhotina tornou-se uma sólida realidade. E tornou-se o símbolo da democracia liberal que contesta o princípio da autoridade em nome de “virtudes cristãs enlouquecidas”. Autoridade está para a cabeça como a idéia para a imagem ou para o símbolo. Chefe quer dizer “pessoa investida de autoridade”, e quer dizer cabeça. Em francês a primeira e direta significação do termo é a de cabeça: “Le chef de saint Jean-Baptiste...”, e a significação derivada é a de autoridade moral.

E enquanto permanecemos na consideração de termos e de imagens aproveitamos para assinalar o curioso aspecto do ideal democrático baseado no igualitarismo. Não podendo evitar um mínimo de organização social ou de hierarquia, tal regime, para não ser autocrático, tem de ser dirigido por decapitados ou por acéfalos. A segunda solução, ao longo da história, pareceu mais prática e já houve um espirituoso, não me lembra quem, que chegou à fórmula do regime anarco-democrático: um povo de decapitados dirigido por uma dúzia de acéfalos. (continue a ler)

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